Virgílio não é candidato do PT, é um petista candidato, diz Greenhalgh

10/02/2005 - 14h11

Ellis Regina
Repórter da Agência Brasil

Brasília - O candidato oficial do PT à presidência da Câmara dos Deputados, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), desqualificou hoje a candidatura avulsa do deputado Virgílio Guimarães (PT-MG). "Você (Virgílio) não é o candidato do PT, é um petista candidato", afirmou o parlamentar paulista. Para Greenhalgh, Guimarães está associado às pessoas que mais se opõem ao governo. Ele disse que não sabe como o equilíbrio federativo poderá ser obtido com a candidatura avulsa do parlamentar.

Durante debate organizado pela rádio CBN, Greenhalgh afirmou que o presidente da Câmara deve dialogar com todos, mas criticou as relações políticas de Virgílio com o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho. "Estranhei a relação que se estabeleceu entre o governador Garotinho e você", disse Greenhalgh ao deputado.

Greenhalgh afirmou ter conversado com o ex-governador sobre a questão orçamentária do Rio de Janeiro, mas em nenhum momento, permitiu que Garotinho fizesse críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Em nenhum momento, eu permiti que ele dissesse que o governo do presidente Lula é o inimigo número um do Rio de Janeiro e que o ministro José Dirceu é o inimigo número dois".

Ressaltou que jamais se associaria a Garotinho, abrindo espaço para que ele fizesse críticas ao governo. "Esse tipo de conduta não serve à construção da democracia", disse, criticando a atitude de Virgílio.

O deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA) afirmou que não gostaria de ter o voto do ex-governador, que não pode ser considerado exemplo do que há de melhor na política brasileira. "Eu não procurei o governador Garotinho e não gostaria de ter o voto, embora da oposição, de candidato do governador. Acho que ele não representa o que tem de melhor exemplo na política brasileira", ressaltou.

Virgílio lembrou que chegou a retirar sua candidatura em dezembro, durante reunião da bancada do PT, porque as regras não eram claras e voltou a candidatar-se durante o processo eleitoral. "Me retirei da possibilidade de indicação pela bancada. Me inscrevi como candidato, como prerrogativa do meu mandato. Isso é defendido pelo meu partido". O deputado mineiro afirmou que sua candidatura representa um equilíbrio federativo e acrescentou que as mudanças de regras no processo eleitoral possibilitaram reuniões de facções com votos fiscalizados dentro do PT.

Os candidatos avulsos Severino Cavalcanti (PP-PE) e Jair Bolsonaro (PFL-RJ) não foram convidados para participar do debate. A eleição para a Mesa Diretora da Câmara será no dia 14 de fevereiro, quando os 513 deputados vão eleger os 11 integrantes da Mesa, entre eles, o presidente, que vai comandar a Câmara pelos próximos dois anos.