Para CIMI e Funai, insuficiência de terras é principal causa da desnutrição de crianças indígenas

10/02/2005 - 14h32

Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil

Brasília - No ano passado, o índice de mortalidade entre as crianças indígenas de até cinco anos chegou a 64 por mil nascidos vivos no estado do Mato Grosso do Sul. A média nacional, segundo o Ministério da Saúde, é de 24,3 por mil nascidos.

Para o coordenador regional do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) em Mato Grosso do Sul, Egon Heck, a principal causa para a desnutrição é a falta de terra. Cerca de 11 mil índios de diferentes etnias vivem em apenas 3,5 mil hectares. No programa de reforma agrária, uma área desse tamanho é usada, em geral, para assentar cerca de 200 sem-terra.

"Tem que se reconhecer que não existe nenhuma decisão política mais efetiva inclusive da parte do governo nesse momento no sentido de propiciar ao povo Guarani pelo menos as terras básicas para que eles possam reestruturar a sua economia e voltar a viver com certa tranqüilidade, com certa fartura dentro de suas terras", criticou Heck.

O coordenador regional do Cimi afirmou que as ações emergenciais precisam vir acompanhadas de medidas de acesso à terra, recuperação ambiental e reestruturação da economia indígena.

O presidente em exercício da Fundação Nacional do Índio (Funai), Roberto Lustosa, disse que a expansão da atividade agrícola da região foi um dos fatores que agravou a situação. "É preciso ter mais terra para esses índios, mas sem que isso prejudique interesses de terceiros. Têm famílias que ocupam terras que eram tradicionalmente indígenas, mas que já estão na terceira ou quarta geração", explicou Lustosa.

Segundo ele, a Funai pretende trabalhar em parceria com o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para ampliar os limites das terras indígenas.