Indígenas denunciam desnutrição crônica infantil em aldeias brasileiras

10/02/2005 - 13h08

André Deak e Christiane Peres
Da Agência Brasil

Brasília – O representante da Associação dos Povos Indígenas do Nordeste e Minas Gerais (Apoinme), Marcos Xukuru, disse que a desnutrição infantil é o problema mais grave enfrentado pelos índios. Ele fez a denúncia no Fórum Social Mundial realizado em janeiro em Porto Alegre.

Também presente ao fórum, Léia Aquino Pedro, da aldeia Nhanderu-Marangatu em Dourados (MS), disse que vive de perto o problema. "As crianças estão morrendo mesmo. O atendimento médico não está bem, encaminhamos para um posto uma criança e tínhamos esperança de que ela voltasse bem, mas quando voltou para a aldeia, morreu no dia seguinte", contou.

Léia atribuiu o problema à falta de terra, de espaço. "Em 26 hectares, tem mais de 600 pessoas. Além desses, há outro grupo, de 200 pessoas, que vive em oito hectares", disse. Sem espaço para plantar, ela contou que as crianças são atingidas pela desnutrição e as mães ficam doentes de preocupação. "Não sabem se vai ter despejo a qualquer hora, qualquer barulho elas saem correndo com as crianças".

No Mato Grosso do Sul, segundo Egon Heck, do Conselho Indigenista Missionário regional, de cada mil crianças que nascem, 64 morrem. "A média nacional está em torno de 15 por mil", informou. De acordo com Heck, existe uma situação bastante generalizada de deterioração das economias dos povos e a grande maioria dos índios não tem mais plantações dentro de suas terras. "Então eles dependem de programas de renda básica. Isso faz com que o nível alimentar caia muito", disse.