Fiesp diz que Real supervalorizado preocupa empresários

10/02/2005 - 15h22

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - O Real foi a segunda moeda que mais se valorizou em relação ao dólar entre maio de 2004 e janeiro deste ano, segundo pesquisa divulgada hoje pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O estudo mostra que o dólar caiu em torno de 8% em relação à maioria das moedas.

No Brasil, a desvalorização foi de 16,4%, atrás apenas da Polônia. "O dólar hoje deveria estar em torno de R$ 2,90 ou até acima", afirma o presidente da Fiesp, Paulo Skaf. "O dólar a R$ 2,60 tira a competitividade do produto nacional tanto na hora de exportar quanto na hora de competir com o produto importado no mercado doméstico", garante ele.

A pesquisa, que inclui dados do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), mostra que a taxa de câmbio do país, deflacionada pelo Índice de Preços do Atacado da Indústria da Transformação, voltou aos níveis de 1997, quando o país teve déficit comercial superior a US$ 6 bilhões. Na avaliação da Fiesp, a valorização excessiva do Real é conseqüência da política de elevação de juros, adotada pelo governo federal desde setembro de 2004.

"O câmbio no nível atual é desestimulante para as vendas externas. Se a atual relação Real/dólar permanecer, muitas empresas deixarão de exportar", acredita Skaf. A volatilidade do Real também preocupa os industriais. O estudo da Fiesp demonstra que na maioria dos países com moedas flutuantes, a diferença entre a cotação máxima e mínima em relação ao dólar não passa de 11%. No caso do Real, a diferença cambial ao longo de um ano chega a 22%.