PIB de países do Mercosul e Comunidade Andina é superior ao do Canadá

09/02/2005 - 17h35

Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia domingo (13) viagem à Venezuela, Suriname e Guiana. Na visita, que vai até quarta-feira (16), Lula pretende buscar a adesão dos países caribenhos ao acordo de integração comercial entre Mercosul e Comunidade Andina. O acordo foi assinado em outubro de 2004 e entrou em vigor no dia 1º deste mês, depois de ratificado pelo presidente Lula, e é apontado pelo Itamaraty como passo histórico e decisivo na conformação da chamada Comunidade Sul-Americana de Nações.

Juntos, Mercosul e Comunidade Andina têm 330 milhões de habitantes e Produto Interno Bruto (PIB) anual de US$ 974 bilhões, superior ao PIB do Canadá, de US$ 834 bilhões, e do Asean, bloco dos chamados tigres asiáticos, com PIB total de US$ 682 bilhões. Para o governo brasileiro, a criação de uma zona de livre comércio entre os dois grandes blocos da América do Sul é o mais ambicioso projeto econômico-comercial da América Latina.

Assinado em outubro de 2004, no Uruguai, o pacto tem Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai de um lado, Colômbia, Equador, Venezuela, Peru e Bolívia, de outro. O acordo objetiva expandir o comércio entre o Mercosul e a Comunidade Andina por meio da redução tarifária gradual, até 2018, e da eliminação de restrições ao comércio recíproco. Os termos foram negociados em acordos bilaterais, com cada país, respeitando os produtos sensíveis de cada região.

O presidente do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone), Marcos Jank, considera enorme a importância política e econômica deste acordo para o Mercosul. "Temos 70% do mercado de produtos industriais concentrado nas Américas, incluindo Estados Unidos e países latino-americanos e caribenhos", disse o economista.

Jank observou que 67 acordos estão sendo negociados bilateralmente nas Américas, o que representa a construção do que se costuma chamar de um "prato de espaguete" (uma referência à teia de relações cruzadas resultante de tais acordos). "Se não fizermos acordos, outros farão, e isso poderá prejudicar preferências que já temos com esses países por conta de acordos assinados no passado no âmbito da Aladi (Associação Latino-Americana de Integração", enfatizou o economista.