Chávez diz que é preciso resgatar ideais dos "países não-alinhados"

31/01/2005 - 5h33

Aloisio Milani
Enviado especial

Porto Alegre – O discurso do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi repleto de citações à trajetória de líderes latino-americanos, principalmente os ligados à esquerda: Ernesto Che Guevara, Simon Bolívar, San Martí, Emiliano Zapata e Luís Carlos Prestes.

Chávez lembrou aos participantes do Fórum Social Mundial a importância de se resgatar os ideais da Conferência de Bandung, em 1955. Na época, a capital da Indonésia ficou conhecida por receber representantes de 29 países da África e Ásia, unidos por um mesmo questionamento: qual seria o lugar do terceiro mundo diante da polarização entre norte-americanos e soviéticos na Guerra Fria.

"Estar no ‘Sul’ me faz recordar que em abril se comemoram 50 anos: a Conferência de Bandung, onde nasceu o movimento dos não-alinhados. A Conferência foi convocada por Josip Broz Tito [Iugoslávia], Jawaharlal Nehru [Índia] e lançou a consciência do sul e a Comissão do Sul", explicou.

Na comparação com o momento atual, Hugo Chávez considerou que o hemisfério sul, onde estão concentrados os países em desenvolvimento, reúne a "consciência" da mudança do mundo. "Onde há mais consciência sobre a necessidade de mudanças urgentes, rápidas e profundas é no sul do mundo", acredita.

Para ele, o Fórum Social Mundial, após suas cinco edições, é o evento político de maior importância do mundo. "Não há outro dessa magnitude. Estou aqui porque o FSM se converteu numa sólida plataforma de debate e de discussão. Uma ampla, sólida e rica plataforma, onde a maior parte dos excluídos, os que não têm voz e espaço no poder, aqui vêm se expressar."

Chávez participou de uma conferência juntamente com o ministro das Cidades, Olívio Dutra, o governador do Paraná, Roberto Requião, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, e o ativista francês e diretor do jornal mensal Le Monde Diplomatique, Ignacio Ramonet.