Gabriela Guerreiro
Enviada especial
Porto Alegre - O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, disse que a presença do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, hoje no assentamento de agricultores do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) no município de Tapes, a 130 quilômetros de Porto Alegre, é uma homenagem ao povo que tenta construir o Brasil de forma diferente. "É um povo que luta para transformar esse território em uma grande nação. Precisamos de uma reforma agrária produtiva e com políticas públicas", defendeu.
Miguel Rossetto assinou com Chávez um protocolo de intenções para o intercâmbio e reprodução de sementes nativas pelos agricultores brasileiros e venezuelanos. O ministro e o presidente também assinaram documento que lança o início das discussões para que seja implementada no Brasil a Escola Latino-Americana de AgroEcologia, a exemplo do modelo executado na Venezuela.
O modelo agrário que deve ser implementado no Brasil, na opinião de Rosseto, vai muito além da simples distribuição de terras. "Isso é a nossa prioridade". Rossetto também rebateu o que chamou de "mito" de que os assentamentos no Brasil não são produtivos. "Mesmo no nosso país, o que as pesquisas mostram é que na média geral a pequena agricultura produz mais rendimentos do que as grandes propriedades", afirmou.
Na opinião do coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, a reforma agrária na América Latina deve ser implantada com a preocupação de fixar o homem no campo com distribuição de renda e, sobretudo, educação. "Estamos em guerra há 500 anos contra os latifúndios. Só se resolve a pobreza dando poder aos pobres, e o poder é o conhecimento", enfatizou.