Entrevista: propostas do Fórum já estão em debate no CDES, diz secretário

30/01/2005 - 7h56

Rodrigo Savazoni
Enviado Especial

Porto Alegre – O sociólogo Ronaldo Garcia representou o ministro Jaques Wagner, do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), no Fórum Social Mundial. Secretário de políticas de desenvolvimento da Secretaria, Garcia participou de duas conferências, nas quais discutiu os objetivos do Milênio, série de ações políticas acordadas no âmbito das Nações Unidas que pretende reduzir à metade a pobreza do mundo até 2015.

Ele também falou em encontro organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), que discutiu os desafios do desenvolvimento brasileiro. Em cada uma de suas intervenções, Garcia levou a notícia de que o governo está trabalhando em uma agenda nacional de desenvolvimento que incorpora os objetivos do Milênio e que, segundo ele, "implicará na superação prática desses objetivos".

Agência Brasil: - O que o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social veio procurar no Fórum Social Mundial?
Ronaldo Garcia: - Eu tive a oportunidade de me encontrar aqui no Fórum com todos os setores que estão representados no conselho. Estive com quatro empresários, participei de uma mesa redonda promovida pela CUT. O conselho, como órgão de aconselhamento ao presidente da República, só pode enriquecer ouvindo e bebendo em um espaço de debate, de reflexões e proposições como é o Fórum Social Mundial. Muitas das propostas que saem daqui, seguramente já apareceram no Conselho porque todos os nossos conselheiros também passam por esses espaços de discussão e de representação, muitos deles estão presentes aqui.

ABr: E como fica essa interlocução com os movimentos sociais?
Garcia: O governo Lula foi o que mais buscou essa interlocução com a sociedade. É uma enormidade de conselhos, de espaços de interlocução, de troca de experiências, de crítica, de formulação para as políticas governamentais. O presidente Lula tem clareza absoluta de que governa melhor quem não governa sozinho. Ele sabe que muitos dos projetos que são acalentados ao longo de sua história terão viabilidade na medida em que tiverem forte apoio e forte respaldo social. E é isso que o presidente vem buscando desde o início de seu governo, desde o primeiro dia. O presidente é convencido de que é importante ter esse diálogo para escutar e receber propostas da sociedade brasileira e mundial, que é extremamente criativa e apresenta múltiplas soluções engenhosas para os complexos problemas que o Brasil vive. Portanto, o governo e o conselho, em particular, só têm a aprender e enriquecer em um ambiente como esse.

ABr: - E quanto à recepção dos participantes do Fórum? Na sua avaliação, como eles enxergaram a presença do governo no Fórum?
Garcia: Fomos muito bem recebidos, com um diálogo bem respeitoso e de alto nível. Tanto ontem, discutindo os objetivos do milênio, quanto hoje, nessa mesa redonda com a CUT, discutindo o desenvolvimento e o papel do Estado, com a presença do Luiz Marinho que, inclusive, é um de nossos conselheiros. Foi um debate de altíssimo nível, um debate sincero, onde muitas propostas interessantes foram colocadas. Estou levando daqui sugestões que serão encaminhadas ao ministro Jaques Wagner, que como integrante da coordenação política de governo, futuramente levará as propostas para o presidente e tudo será devidamente analisado. Essa é a nossa função:ouvir, receber, levar para o presidente, processar, devolver e, sempre que possível e viável, implementar ou então justificar para a sociedade por que as idéias apresentadas não foram aproveitadas.