Chávez cobra maior integração latino-americana para superar problemas

30/01/2005 - 15h38

Gabriela Guerreiro
Enviada Especial

Porto Alegre – A exemplo do que defendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante sua passagem pelo 5º Fórum Social Mundial, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, cobrou hoje maior integração entre os países da América Latina como alternativa para a superação dos principais problemas da região. Em discurso de 50 minutos durante visita a um assentamento de trabalhadores rurais a 130 quilômetros de Porto Alegre, Chávez fez duras críticas aos Estados Unidos – a quem responsabilizou pela situação de pobreza encontrada hoje na América Latina. "Temos que nos unir, pois essa é a única salvação frente à ameaça imperialista", disse Chávez.

Segundo o presidente venezuelano, sem o combate ao capitalismo não existe solução para a fome e a miséria no mundo. "O capitalismo é a raiz das grandes desigualdades. A mão peluda dos Estados Unidos está atropelando a nossa democracia há 200 anos", criticou. Sempre citando os ícones da integração da América Latina – Simon Bolívar e San Martin – Chávez defendeu o conhecimento como arma para libertação dos latinos. "O conhecimento é ciência como a água é para o arroz. Sem ele, somos um zero à esquerda. Ser cultos para ser livres, dizia Martin. E Bolívar foi claro nesse conhecimento", afirmou.

O presidente venezuelano não economizou elogios ao Fórum Social Mundial e disse que, na sua opinião, é o evento político mais importante do mundo. Chávez defendeu, no entanto, que as idéias discutidas no FSM saiam do papel e sejam colocadas em prática pelos governos, movimentos sociais e organizações não-governamentais. "Proponho que o Fórum seja o início de uma nova etapa. Nos próximos cinco anos, ele deve vir acompanhado de uma agenda social mundial. A ela, devemos agregar uma estratégia social mundial de poder. Se trata de poder contra poder", enfatizou.

Chávez aproveitou o discurso para rebater as acusações de que suas idéias têm como objetivo acabar com a democracia na América Latina. "Estão equivocados aqueles que enaltecem a idéia de que sou tirano", disse.

Em um recado direto aos trabalhadores rurais e autoridades brasileiras presentes na visita, Chávez cobrou o fim dos latifúndios e defendeu a reforma agrária. "Sou campesino, nasci entre arrozais em uma terra plana como esta. Latifúndio remonta à era federal anterior ao capitalismo", ressaltou.