Campanha divulga anunciantes de programas que financiam ''baixaria'' na TV

30/01/2005 - 7h35

Gabriela Guerreiro
Enviada especial

Porto Alegre – A Campanha Nacional contra a Baixaria na TV aproveitou o 5º Fórum Social Mundial para divulgar pela primeira vez o ranking das empresas que anunciam em programas que não protegem os direitos humanos e a cidadania. O ranking aponta o anunciante ao lado do programa mais votado entre os meses de novembro de 2003 e janeiro de 2005. O coordenador da campanha, deputado Orlando Fantazzini (PT-SP), decidiu divulgar o nome dos anunciantes depois de fracassadas tentativas de negociação com as empresas patrocinadoras para que retirassem os anúncios dos programas apontados como promotores da baixaria na TV.

Os sabonetes Albany - principal anunciante da novela Senhora do Destino, da TV Globo -, ficaram em primeiro lugar no ranking como a empresa que financia a baixaria na televisão brasileira. A novela totalizou 20,7% das mais 16 mil denúncias recebidas pela campanha. Em segundo lugar no ranking, as lojas Marabrás - anunciantes do programa João Kleber, da Rede TV - receberam 16% das denúncias. "A loja havia assumido o compromisso de não mais anunciar em programas que promovem a baixaria na TV, mas não cumpriu a promessa", denunciou Fantazzini.

Segundo o deputado, a novela Senhora do Destino ficou em primeiro lugar nas denúncias por promover o apelo ao sexo, a incitação à violência e por ser exibida em horário considerado impróprio. "A maioria das denúncias recebidas pela campanha é de reclamações por exibição de programas em horários não permitidos, desenhos animados que incitam a violência ou programas regionais que não respeitam a cidadania", revelou Fantazzini.

Entre as empresas presentes no ranking, a Petrobrás aparece em terceiro lugar como anunciante da novela Terra Nostra – que foi reprisada pela Rede Globo no ano passado. "São denúncias de telespectadores que se sentem aviltados na sua dignidade. O povo tem todo o direito de exercer o controle sobre os meios de comunicação", enfatizou.

O ranking divulgado hoje pela campanha é o oitavo realizado nos últimos dois anos. Para o procurador do Ministério Público de São Paulo, Sérgio Suiama, já é possível perceber uma pequena melhoria na programação da televisão brasileira depois que a campanha contra a baixaria começou a ganhar força no país. "Ainda há abusos, mas os ganhos que tivemos até agora devem ser creditados à campanha", afirmou.

O procurador denuncia que as televisões privadas não cumprem a determinação do Ministério da Justiça de veicularem programas em horários compatíveis com o seu conteúdo. Sérgio Suiama defende o direito de resposta coletivo como instrumento para coibir a baixaria na TV. "Assim como nas campanhas políticas, o cidadão que se sentisse ofendido poderia utilizar o mesmo horário em que o programa é veiculado para ter o seu direito de resposta".