Marco Aurélio Garcia: América do Sul é prioridade absoluta da política externa brasileira

29/01/2005 - 6h13

Bruno Bocchini
Enviado especial

Porto Alegre – A América do Sul é prioridade absoluta da política externa brasileira. A afirmação é do assessor especial de política externa da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, que participa na cidade de Porto Alegre do 5° Fórum Social Mundial (FSM). Para ele, o apoio aos países vizinhos é estratégico e pode potencializar o crescimento obtido pelo Brasil nos últimos tempos.

"Nosso crescimento não pode ser um crescimento solitário, mas tem que ser um crescimento solidário com os demais países da região. Nós estamos absolutamente convencidos do enorme potencial que será uma América do Sul com essa diversidade econômica, produtiva, ecológica e humana".

Marco Aurélio, que participou de conferência sobre integração da América do Sul, afirmou que o governo não quer que o bloco econômico dos países do cone sul, o Mercosul, se resuma a uma área de livre comércio, mas que também seja um espaço de integração econômica e social. "Que seja também um Mercosul no interior do qual nós possamos constituir instâncias de natureza política. Temos que criar uma verdadeira cidadania ‘mercosurenha’", disse.

O assessor ressaltou a importância da ação em grupo dos países da América do Sul. De acordo com ele, a união da política externa dos países foi decisiva na alteração dos termos do Acordo de Livre Comércio das Américas (ALCA). "Operar em conjunto significou justamente que aquela proposta que circulava em determinados meios, de uma Alca que nos iria devorar, que iria subtrair as nossas riquezas, destruir nosso potencial produtivo, não passou", afirmou.

"E hoje o que existe é aquilo que muitos ironicamente chamam de ‘Alca Light’. Isto é, um grande guarda-chuva no qual cada um fará o acordo que quiser, o acordo que puder. E nós estamos tentando que esses acordos sejam os mais genéricos possíveis, na medida sobretudo em que os Estados Unidos não abrem mão da questão dos subsídios. Se os Eua não querem abrir mão da questão dos subsídios, por que nós vamos abrir mão de nossa prerrogativa de controlar a política de investimentos, de contas governamentais ou de propriedade intelectual?", indagou.