Rio, 8/1/2005 (Agência Brasil - ABr) - Os corpos da diplomata Lys Amayo Benedeck D’Avola e do filho dela, Gianluca, foram enterrados no cemitério São Francisco Xavier, no Caju, zona portuária da cidade.
Durante o velório, na capela B do cemitério, a mãe da diplomata, a atriz Thereza Amayo voltou a criticar países desenvolvidos como os Estados Unidos, que segundo ela teriam informações sobre a formação de ondas gigantes, mas nada foi feito para pelo menos reduzir as conseqüências do maremoto. "Essa é uma tragédia mundial que podia, não digo ser impedida, mas minimizada, se os governos poderosos tivessem solidariedade e amor pelos países pobres, que são pobres porque eles são muito ricos. As pessoas dizem que foi a vontade de Deus, deve ter sido, mas foi muito por causa do egoísmo dos homens", defendeu.
A atriz negou que a falta de informação tenha ocorrido por receio do governo tailandês em prejudicar o turismo no local. Ela lembrou que Khum Bhumi Jensen, neto do rei da Tailândia, Bhumibol Adulyadej, morreu enquanto andava de jet-ski na praia da província de Phang Nga, no sul do país.
Thereza Amayo disse que é preciso encarar a verdade e que as pessoas sejam solidárias sempre – e não agora, de remorso, com os países pobres que vão levar anos para se recuperar. Ela afirmou que esses países não são preparados para situações como essa. "Eles teriam como fugir se tivessem sido alertados, então, eu considero isso um crime contra a humanidade, considero um genocídio. O mundo rico tem que fazer um mea-culpa, porque podia ser minimizado, sim", disse.
E acrescentou: "Não podemos aceitar como uma fatalidade, só. A minha indignação é muito grande, não só pela minha filha que eu amava muito, meu netinho que era uma criança maravilhosa, meu genro que era uma pessoa linda, mas pelas centenas de pessoas que morreram em ilhas de pescadores pobres que ganhavam uma miséria e que, de uma certa forma, foram assassinados."
O pai de Lys, o húngaro Estevam Benedeck, estava no velório e disse considerar muito difícil encontrar o genro, o empresário italiano Antonio D’Avola, ainda com vida. Ele explicou que todas as informações sobre as características do marido da filha foram passadas para a Cruz Vermelha. E revelou que também se considera um sobrevivente da tragédia, porque estava com passagem marcada para a Tailândia, mas resolveu cancelar a viagem a pedido da atual mulher, que não poderia acompanhá-lo.
A filha da diplomata, Taís, de 20 anos, que não acompanhou os pais e o irmão em um passeio na Ilha de Phi Phi porque pouco antes da tragédia passou por uma crise estomacal e permaneceu no hotel, chegou para o velório da mãe e do irmão, no cemitério São Francisco Xavier, no início da tarde. Durante o enterro, tanto ela quanto a avó, muito emocionadas, permaneceram em silêncio.