Benedito Mendonça
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os grandes focos de poluição do planeta são a queima de combustíveis fortes pela indústria, a pré-geração de energia, os processos industriais e as queimadas, mas o grande número de carros em circulação confirma que eles também são grandes poluidores e emissores de gases do efeito estufa. A afirmação é do professor de Engenharia Mecânica da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Alberto Gurgel, em entrevista à Rádio Nacional AM.
De acordo com o professor, o óleo diesel provoca mais fumaça do que a gasolina, o álcool, ou até mesmo de combustíveis alternativos como o biodiesel. Gurgel explica que como os motores operam de maneira distinta, ou seja, os motores que queimam gasolina e álcool e os motores que queimam óleo diesel são, em vários aspectos, bastante diferentes, é possível detectar mais evidentemente a poluição nas descargas dos ônibus, caminhões ou mesmo vans de transporte coletivo. "Aquela fumaça preta vem da combustão completa do óleo e é altamente poluente", ensina.
O professor admite que a solução para conter esse avanço na quantidade de fumaça que compromete o ecossistema do planeta com as mudanças climáticas está longe de ser alcançada. Para isso, argumenta, "os governos têm, cada vez mais, apertado nessas questões ambientais de emissores". Ele lembra que hoje os veículos saem das fábricas seguindo normas bem severas de emissões e as projeções para o futuro e isso já é um passo grande na direção da contenção da poluição.
O Brasil, segundo o professor Gurgel, segue à risca essas recomendações. "A questão é que nós não temos, no Brasil, normas severas para veículos que já saíram das fábricas", argumenta, apontando para a frota velha e poluidora de veículos que circula pelas ruas e estradas. "O que faltaria agora seria uma norma mais severa, para, de tempo em tempo, se averiguar qual o nível de emissões de cada veículo", propõe.
Na opinião do professor da UnB, as pessoas têm que ter em mente que a saída de algum gás estranho do carro, quer seja uma fumaça ou fuligem, é um indicativo de que algo está errado no motor. "Se algo está errado no motor certamente o motor vai alterar, fora da condição de projeto dele, fora da condição ideal", assinala, analisando que além das implicações ambientais "isso também afeta o bolso do usuário, pois ele está gastando mais combustível". Para evitar poluição e prejuízos financeiros, ele sugere manter o carro bem regulado.
O pesquisador da Universidade de Brasília acha que o problema da poluição é grave e deve ser enfrentado de frente pelos governantes do mundo inteiro como foi feito no início de dezembro na Argentina. "Em Buenos Aires aconteceu mais uma convenção relacionada com o Protocolo de Kyoto, que recentemente foi assinado pela Rússia e passa a vigorar em fevereiro de 2005", disse ele, explicando que uma série de países, principalmente os países desenvolvidos que assinaram o protocolo, agora estão buscando metas de redução de gases poluentes e que provocam alterações no clima. "Essa deve ser uma preocupação constante de todos os países", defende.