Saulo Moreno
Repórter da Agência Brasil
Brasília – As mulheres das classes mais baixas são as principais vítimas do tráfico internacional de seres humanos. A avaliação é do professor da Universidade Federal de Ceará (UFC), Marcos Colares. "Existe um certo ar de ignorância da sociedade sobre o assunto, o que facilita a ação dos criminosos. Por isso, é bom ter em mente que nenhuma classe social está isenta do problema. Mas as classes mais pobres são mais facilmente ludibriadas para participar do tráfico, quer como aliciador, quer como vítima", diz.
Marcos Colares foi um dos responsáveis pelo estudo sobre o tráfico internacional no Brasil. O diagnóstico foi encomendado pelo Ministério da Justiça ao Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC). Segundo o levantamento feito nos estados de Goiás, Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo, as principais vítimas deste crime são mulheres entre 18 e 21 anos com baixa escolaridade.
O governo federal lançará amanhã (6), em Goiânia, uma campanha de combate ao tráfico internacional de seres humanos com foco principal nas mulheres. O objetivo é distribuir material informativo em pontos de grande movimentação, como aeroportos e superintendências regionais da Polícia Federal. O tráfico internacional de seres humanos é hoje a terceira atividade criminosa que mais movimenta dinheiro no mundo, cerca de US$ 9 bilhões por ano.
A campanha quer conscientizar famílias e mulheres que podem se tornar vítimas. "O objetivo da campanha é aumentar a conscientização da população, das vítimas em potencial e de seus familiares sobre a problemática do tráfico internacional de seres humanos", afirma Fernando Godinho, representante do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC).
Segundo Godinho, parte das vítimas são totalmente enganadas. "Elas acham que estão sendo levadas para ter uma vida melhor, que vão encontrar o grande amor da vida delas e terminam caindo no conto da Cinderela".
Outra parte das mulheres, de acordo com ele, já estão envolvidas em casos de turismo sexual. "As mulheres que têm contato com as redes internacionais por meio de turismo sexual, sabem que estão sendo aliciadas como profissionais do sexo. Mas não têm uma noção exata da dimensão do problema e com que tipo de rede criminosa elas estão entrando em contato".