Mudanças de regras na telefonia móvel pode afastar investimentos no setor, diz presidente da Vivo

05/10/2004 - 13h09

Rio, 5/10/2004 (Agência Brasil - ABr) - As mudanças nas regras de telefonia móvel pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) podem afastar os investidores do país. A avaliação é dos presidentes da Vivo no Brasil, Francisco Padinha, e da TIM, Mário César Pereira de Araújo. Os dois executivos participam do 2º Fórum AHCIET Movil, promovido pela Asociacóin Hispanoamericana de Centros de Investigación y Empresas de Telecomunicaciones, na zona sul do Rio.

Eles reclamaram da "convergência forçada de modelos tecnológicos entre as empresas". Para eles, a Anatel está propondo a livre negociação na cobrança de tarifas de interconexão no uso das redes, o que pode significar proteção às empresas de telefonia fixa, em detrimento da telefonia móvel.

De acordo com Padinha, desde a privatização, em 1997, a Vivo investiu mais de US$ 13 bilhões no país, mas a proposta de interconexão da Anatel pode reduzir os investimentos em 2005. "A livre negociação na interconexão no Brasil é um obstáculo para o desenvolvimento do setor", frisou. Ele disse que a mudança fortalece as empresas de telefonia fixa, uma vez que o maior fluxo de ligações é entre as empresas que operam nesse sistema.

Padinha revelou que, com a livre negociação, essas empresas podem reduzir o valor das tarifas e atrair os consumidores que deixariam de utilizar o telefone celular, principalmente os pré-pagos que são subsidiados por esta tarifa. Ele informou que o desenvolvimento do celular na Europa e em outros países tem regras claras, e a livre negociação entre o fixo e o móvel não faz parte dessas regras.

A opinião é compartilhada pelo presidente da TIM no Brasil, Mário César Pereira. Para ele, é preciso remunerar o capital investido pelas empresas, no país, sob pena de elas reduzirem esses investimentos. A TIM já investiu US$ 6 bilhões no Brasil, dos quais US$ 1 bilhão neste ano, para atender 10,8 milhões de clientes.

Pereira defendeu que o país tenha órgãos reguladores que atendam às necessidades do mercado e dos consumidores. "Temos procurado mostrar à Anatel que é preciso preservar a estratégia das operadoras para crescer no mercado", disse. Para ele, os ganhos de efici^^encia têm de ser transferidos para os clientes e não para outras operadoras.