Fabiana Uchinaka
Repórter Agência Brasil
São Paulo - O aumento do superávit primário e a redução da relação entre dívida e Produto Interno Bruto (PIB) devem diminuir os juros "no médio prazo". A afirmação é do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Segundo ele, todos os ajustes necessários para garantir o crescimento em 2005 estão sendo feitos na política monetária e fiscal. "Os ajustes buscam um crescimento sustentável. Não só para 2005, mas por muitos anos. O Brasil está crescendo forte este ano e crescerá em 2005", disse o presidente do Banco Central.
Para Meirelles, a política fiscal não substitui a atuação da política monetária, embora ambas sejam essenciais para garantir a estabilidade, diminuindo a vulnerabilidade e aumentando a consistência e o volume dos recursos de investimentos. "Ambas são da maior importância, mas são ações que têm mecanismos de transmissão e defasagens diferentes. A política monetária age a prazos mais curtos e tem um tipo de flexibilidade maior", afirmou. "Sem as duas políticas bem feitas, não vamos conseguir fazer com que o Brasil tenha crescimentos sustentados e a taxas cada vez maiores".
O presidente do BC defendeu que o aumento da taxa básica de juros (Selic), de 16% para 16,25% ao ano, serve para sustentar esse crescimento e não descartou a possibilidade da Selic continuar subindo, mesmo com a meta de superávit primário (receitas menos despesas, excluídos gastos com juros) elevada de 4,25% para 4,5% do PIB este ano.
"O recado é claro no sentido de que o Brasil está crescendo a taxas fortes e, portanto, os empresários que querem manter sua fatia de mercado têm que investir", afirmou Meirelles, indicando que o empresariado deve investir mesmo com o aumento da taxa decidido pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
Meirelles fez as declarações na posse da nova diretoria da Associação Brasileira de Bancos Comerciais (ABBC).