Andréia Araújo
Repórter da Agência Brasil
Luziânia - O salão do centro comunitário da cidade está cheio. Nas paredes, faixas anunciam a presença das "comunidades", indicando as diferentes paróquias do município: São José, Rosa Mística, Santa Bárbara, Nossa Senhora Aparecida. Uns chegam de carro, outros a pé. Homens, mulheres, idosos, crianças. É um acontecimento. Mas, não se trata de um evento religioso. Nas cadeiras de plástico, 600 pessoas, que deixaram suas casas em plena noite de sexta-feira para ouvir as palavras dos candidatos a prefeito sobre seus planos para o município onde vivem.
A dentista Fátima Perdigão, 42, recorda que, nas últimas eleições, não houve oportunidade parecida de conhecer as propostas dos candidatos. Mesmo assim, ela garante que sempre buscou informação. "Acho que, em toda eleição, a gente tem que procurar ouvir os candidatos, suas propostas e escolher não aquele que é seu amigo, mas aquele que é o melhor", diz.
No centro comunitário, o repórter da TV local acompanha tudo, mas, não é nenhum meio de comunicação quem organizou o evento. O debate acontece no centro da cidade, a uma quadra da matriz de Santa Luzia, que organiza o Comitê Fé e Cidadania. O grupo distribui, pelo entorno do Distrito Federal, seis mil cópias de uma cartilha que informa sobre os direitos e deveres do eleitor, enquanto grupos formados por fiéis e líderes comunitários saem às ruas da cidade para conscientizar a população da importância do voto.
Gabriela Paulino só tem 12 anos, mas fez questão de ir. Ela conta que quer conhecer e apoiar os candidatos que acha que possuem as melhores propostas. "É muito importante participar de eventos como este, aprender a observar os candidatos. Daqui uns anos, eu vou votar e quero estar bem informada".
A estudante Amanda Souza, 17, foi ao evento acompanhada pelo marido e pelo filho de 1 ano. Ela quer saber das propostas para melhorar a educação e a saúde na sua cidade. "A educação aqui é muito fraca, precisa de alguém para melhorar o ensino daqui", reclama. Como é o seu primeiro voto, Amanda diz que não que fazer feio. "Estou desde o começo analisando todos os candidatos. Como é a primeira vez que voto, quero escolher a pessoa certa para Luziânia", afirma.
O padre Josinaldo Filomeno, organizador do debate, conta que buscou ser o mais isento possível e não vê contradição entre religião e política. "Não estamos apoiando nenhum partido, o que queremos é cumprir o nosso papel de cristãos de ajudar a comunidade a escolher os melhores governantes", explica.
Luziânia tem 140 mil habitantes e fica a 70 km de Brasília, na chamada região do Entorno. Cerca de 66 mil pessoas vão às urnas no próximo dia 3 de outubro para eleger prefeito e 12 vereadores. O debate aconteceu na última sexta, dia 24.
Mesmo buscando informação, o aposentado Antônio Batista, de 60 anos, diz achar difícil acreditar nos políticos. "Eu vim ao debate, mas não acho que eles vão falar a verdade". Batista conta que está desiludido, porque, nas eleições passadas, procurou escolher os candidatos com as melhores propostas, mas pouca coisa foi cumprida. "Vou rezar para que, desta vez, alguma coisa seja feita". afirma. "Enquanto as autoridades proporcionarem benefícios ao povo, prevalecerá a vontade de Deus", é a mensagem dos fiéis da paróquia de São Geraldo, sob uma das portas da entrada do centro comunitário.
