CSN defende gastos ambientais em balanço anual

26/09/2004 - 13h34

Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil

Brasília – No relatório "O Estado Real das Águas no Brasil", da Defensoria da Água, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) acusa a empresa de depósito irregular de resíduos na área conhecida como Volta Grande, no Rio de Janeiro, onde foi construído um conjunto de casas populares. Também aponta vazamento de benzeno e diversos casos de contaminação das águas em decorrência de seu processo industrial em Volta Redonda (RJ).

O superintendente geral de Meio Ambiente da CSN, Luiz Cláudio Castro, disse ter ficado surpreso com as empresas citadas no relatório. "Estão sendo denunciadas exatamente aquelas empresas que estão trabalhando duramente para resolver seus problemas de poluição", disse.

Segundo Castro, a CSN investiu R$ 252 milhões, de 2000 a 2002, em controle de poluição de sua unidade em Volta Redonda (RJ). Desse total, 42% foram destinados ao controle de poluição da água. Depois desse grande investimento, o superintendente disse que é natural que, no ano de 2003, os investimentos em capital tenham sido menores.

Atualmente, a CSN investe entre R$ 60 milhões e R$ 70 milhões com a operação e a manutenção desses equipamentos de controle ambiental.

O superintendente afirmou que a empresa leva em consideração, em seus investimentos, os passivos ambientais. Luiz Cláudio Castro reconhece que esses dados não vêm de forma explícita nos balanços contábeis da empresa, mas explica que isso ocorre em função dos modelos de relatório contábil adotado no país. "O balanço contábil tem uma regra clara e nós não podemos fugir dessa regra", disse.

A CSN adota um modelo de balanço contábil elaborado pelo Instituto Ethos de Responsabilidade Social, reconhecido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). "Existe uma discussão mundial a respeito desse assunto. No sentido de identificar a metodologia que possa ser mais clara na questão da divulgação dos passivos ambientais", disse Castro.

Para tentar compensar essa falha nos balanços, a empresa divulga anualmente um suplemento ambiental, especificando todos os custos, custeios e investimentos de capital que são feitos em meio ambiente em todas as suas unidades de produção. Essa publicação fica disponível no site da empresa (www.csn.com.br).

Em relação aos casos mencionados no relatório, Castro informou que o aterro de Volta Grande possui licença do órgão ambiental do Rio de Janeiro e que a construção do condomínio foi posterior à implantação do aterro. "O fato é que durante um termo de compromisso que foi assinado pela CSN com o órgão ambiental e o governo estaduais, entre 2000 e 2002, nós fizemos estudos naquela área e descobrimos uma contaminação de pequena proporção por um produto que é a base da naftalina, que é o naftaleno, sem risco para a população e nós estamos trabalhando desde então para resolver o problema", disse Castro.

Em relação a Volta Redonda, o superintendente ambiental da CSN disse que foi feita uma verificação pela Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (Feema) e pela Agência Nacional das Águas (ANA), há cerca de um mês, em todos os rios que recebem lançamentos de resíduos da CSN.

Castro afirmou que a conclusão desse estudo é que, no caso do Rio Paraíba do Sul, em Volta Redonda, a emissão de resíduos pela empresa é extremamente pequena e que todos os lançamentos em rios pela CSN cumprem os padrões brasileiros e do estado.

"O grande problema desse rio é a carga de esgoto que é lançada diariamente em suas águas por conta da falta de saneamento. Na região do rio, em média, 5% dos domicílios são atendidos por tratamento de esgoto", disse.