Lula diz que brasileiro precisa aprender a se respeitar

25/09/2004 - 13h19

Rio, 25/9/2004 (Agência Brasil - ABr) - "O Brasil merece uma chance de figurar entre as grandes nações do mundo, mas precisa acreditar em si mesmo", disse o presidente Lula, em discurso na solenidade de formatura de cerca de 13 mil jovens e adultos do programa Brasil Alfabetizado. Lula acrescentou que "durante anos botaram na nossa cabeça que éramos Terceiro Mundo e por isso tínhamos que estar subordinados à orientação da Coroa portuguesa, ou depois, ao poder econômico desta ou daquela nação". E explicou ter aprendido desde pequeno, com a mãe, que "se você não se respeitar, ninguém o respeitará".

Durante o discurso, na presença do ministro da Educação, Tarso Genro, e do presidente da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, o presidente destacou que para ser respeitado, o País precisa melhorar seu sistema educativo. "Não existe país que consiga dar um salto de qualidade, ser desenvolvido e rico, sem investir na formação de sua gente", afirmou.

Lula lembrou ser filho de pai e mãe analfabetos e disse estar vivendo um dos dias mais felizes dos seus 19 meses à frente do governo. Destacou a preocupação do governo com a qualidade do ensino nas escolas públicas do país: "A Constituição diz que todos têm direito à escola, mas nós sabemos que embora tenhamos hoje 99% das crianças na escola, ainda estamos discutindo qual é a qualidade da escola em que estão nossas crianças e o que elas estão aprendendo efetivamente".

Para o próximo ano, o presidente informou que pela primeira vez será feito um teste, no mês de março, com alunos da 4ª e da 8ª séries de todas as escolas públicas do País, "para saber o que está acontecendo nas salas de aula". Muitas vezes, explicou, "nossas crianças vão para a escola e não aprendem: tem criança que está na 5ª série e não sabe ler ou na 4ª série e não sabe fazer uma simples conta". E acrescentou: "Possivelmente descobriremos que é preciso um processo de reeducação dos nossos próprios educadores. Quem sabe nós tenhamos que ver o tipo de educação em sala de aula, porque se uma criança vai para a escola, nós temos a obrigação de fazer com que ela sai da escola sabendo ler escrever."

Combate à fome

O presidente lembrou ainda a participação brasileira na assembléia geral das Nações Unidas, na semana passada, quando os países desenvolvidos foram convocados a um esforço para o combate à fome e à miséria: "O que nós fizemos lá é apenas uma demonstração de que quando a gente quer, a gente conquista. O que não podemos permitir é que o opressor determine as nossas ações, as nossas vontades. É por isto que estamos batendo recorde nas exportações, tendo superávit comercial como jamais tivemos. E em condições de puxar na mídia internacional a campanha da fome. Porque se a pessoa não tem o que comer, nem aprender a
ler ela aprende. Quando o estômago está batendo de fome – e só sabe isto quem passou, quem não passou teoriza, não sabe o gosto amargo de fel quando a fome aperta."

A solenidade de formatura dos 13 mil jovens e adultos alfabetizados em 27 municípios fluminenses faz parte do programa "Sesi - Por um Brasil Alfabetizado", uma parceria do Sistema Firjan, do Sesi (Serviço Nacional da Indústria) e do Ministério da Educação.