Desde a posse, Lula defende ações contra fome e pobreza no mundo

14/09/2004 - 12h13

Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília – No próximo dia 20, chefes de Estado e de Governo e representantes de 55 países participarão da reunião da ação contra a fome e a pobreza, em Nova Iorque. A reunião foi convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e tem como objetivo discutir mecanismos de financiamento para desenvolver ações de desenvolvimento e de combate à fome no mundo.

Desde que tomou posse, em janeiro de 2003, o presidente Lula defende publicamente a instituição desses mecanismos financeiros. A primeira vez que o assunto veio à tona foi em Davos, na Suíça, em janeiro de 2003, quando o presidente participou do Fórum Econômico Mundial. Diante de uma platéia formada pelos maiores empresários e banqueiros de todo o mundo, Lula propôs pela primeira vez a criação de um fundo mundial de combate à fome.

"Proponho a formação de um fundo internacional para o combate à miséria e à fome nos países do Terceiro Mundo, constituído pelos países do G-7, e estimulado pelos grandes investidores internacionais. Isso porque é longo o caminho para a construção de um mundo mais justo, e a fome não pode esperar. Meu maior desejo é que a esperança, que venceu o medo no meu país, também contribua para vencê-lo em todo o mundo", afirmou o presidente no fórum.

Depois de Davos, Lula aproveitou a participação na reunião de cúpula do G-8, também na Suíça, e voltou a defender a criação do fundo contra a fome. Desta vez, o público era formado por chefes de Estado e de Governo dos países mais ricos do mundo.

Na ocasião, o presidente brasileiro foi mais além e adiantou alguns dos mecanismos financeiros que poderiam ser instituídos para ajudar no combate à fome. "Há várias formas para gerar recursos para um fundo dessa natureza. Dou dois exemplos. O primeiro é a taxação do comércio internacional de armas – o que traria vantagens do ponto de vista econômico e ético. Outra possibilidade é criar mecanismos para estimular que os países ricos reinvistam nesse fundo percentagem dos juros pagos pelos países devedores", propôs aos chefes de Estado.

Em setembro de 2003, a proposta do governo brasileiro começou a ganhar um formato mais oficial. Lula fez o discurso de abertura da 58ª Assembléia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, e sugeriu a criação de um Comitê Mundial de Combate à Fome, no âmbito da ONU, para conseguir viabilizar a sua proposta.

"Esperamos motivar contribuições financeiras de países desenvolvidos e em desenvolvimento, de acordo com as possibilidades de cada um, bem como de grandes empresas privadas e organizações não governamentais", disse o presidente.

Lula aproveitou a Assembléia-Geral da ONU para apresentar o fundo criado pelo Brasil, Índia e África do Sul em junho de 2003 como uma das ações de luta contra a pobreza. Chamado de Mecanismo Ibas de Alívio à Fome e à Pobreza, a iniciativa foi planejada como forma de reproduzir e disseminar projetos sociais de sucesso nas áreas de saúde, educação, saneamento e segurança alimentar.

O fundo Ibas é financiado por recursos de empresas e dos governos dos três países, e tem como objetivo estreitar as relações mútuas e formar no futuro uma zona de livre comércio entre as três nações.