Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – A distância entre o direito assegurado formalmente às mulheres e o praticado no cotidiano precisa ser eliminada através de atitudes da própria sociedade, afirmou a secretária especial de Políticas para as Mulheres, ministra Nilcéa Freire. Ela fez palestra hoje, em São Paulo, na cerimônia de lançamento da publicação "O compromisso das empresas com a valorização da mulher", do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social.
Na avaliação de Nilcéa, a publicação do Instituto Ethos contribui para alertar a sociedade sobre as conquistas já asseguradas, tanto no âmbito formal como na prática cotidiana, e sobre a necessidade de diminuir a distância entre os dois pontos. "Todas as empresas sabem que devem pagar salários iguais para postos de trabalho iguais, que não podem demitir ou deixar de recrutar mulheres em função da questão da maternidade. Mas todos sabemos que isso acontece".
Segundo ela, a mudança deve ser feita por meio de movimentos organizados e de políticas públicas. "Políticas públicas que tenham a responsabilidade de todas as esferas de governo para ajudar a eliminar essa distância. Políticas que sejam incorporadas na estrutura do estado, que trabalhem a questão da igualdade e reconhecimento da diferença que existe entre as necessidades de homens e de mulheres". Para ela, essas diferenças precisam ser discutidas, assim como a permanência da carga histórica e cultural de desigualdade e de desvantagem sobre as mulheres. "É preciso tratar desigualmente os desiguais", disse.
Nilcéa destacou a importância do movimento feminista que, de acordo com ela, merece ter suas conquistas reverenciadas. Disse que para eliminar a desigualdade é preciso lembrar dos três pontos que a estruturam: as diferenças entre os sexos, raças e classes sociais. "Esse é o tema do movimento social das mulheres, que teve muitas conquistas que devemos reverenciar, como conquistas que trouxeram enormes benefícios à humanidade, não só às mulheres".
A secretária completou que, na atualidade, tais conquistas não são suficientes para garantir, no mundo e principalmente no Brasil, uma vida com padrões de equidade e igualdade entre os sexos para satisfazer a todos e alicerçar a democracia e o desenvolvimento sustentável do país. "Isso porque estamos tratando de desigualdades duráveis, aquelas que permanecem, embora tudo avance mantendo o quadro paralelo em vários segmentos da sociedade".