Furlan defende agilidade na análise de projetos para investimentos

01/09/2004 - 11h20

Stênio Ribeiro
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A pauta da reunião do Conselho do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de hoje previa a discução e a procura por fórmulas de se "aliviar a cunha fiscal" do crédito, da intermediação, e ao mesmo tempo agilizar o processo de análise de projetos de investimento. Muitas vezes, por alguma circunstância, esses projetos têm seu andamento retardado; e, com isso, atrasa a efetivação de investimentos num momento em que há recursos disponíveis e demanda de mercado.

A afirmação foi feita pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, no 18° Congresso do Mercado de Capitais, em Brasília. À saída Furlan disse aos jornalistas que "o setor privado tem razão quando coloca que é preciso resposta mais concreta do governo e das instituições para retomada dos investimentos". Segundo ele, levar seis meses ou um ano para análise e aprovação de projetos "é um tempo exagerado, num momento em que o Brasil tem pressa".

O ministro prefeiu não comentar os resultados da balança comercial de agosto. Destacou, porém, que pelo terceiro mês consecutivo o país manteve o nível de US$ 9 bilhões nas exportações e, "o mais auspicioso", segundo ele, foi o recorde também nas importações. Principalmente de insumos e máquinas e equipamentos. "É um rebatimento concreto do ritmo da economia brasileira", no seu entender, porque além dos produtos importados para transformação aqui e reexportados (o chamado drawback), a maior parte das compras são para incorporação ao processo de desenvolvimento interno.

O resultado dessa internalização de bens de consumo, segundo Furlan, é a maior oferta de produtos para o consumo, pois "é o momento de ampliar a produção e acreditar na demanda", com a colocação do excedente lá fora.

O ministro lembrou que nos últimos dois anos houve acréscimo de 50% na receita das exportações (saímos de US$ 60 bilhões para US$ 90 bilhões), e "não faria nenhum sentido cedermos espaço; principalmente se tratando de produtos de maior valor agregado". É importante para o país aumentar a oferta, mantendo os mercados conquistados - salientou.

Questionado se a ameaça de aumento da taxa básica de juros (Selic) pelo Comitê de Política Monetária (Copom) não seria uma trava para a retomada do crescimento econômico, o ministro afirmou que "não existe ameaça do Copom". Diante da insistência sobre a possibilidade do recrudescimento da política monetária, Furlan enfatizou que "possibilidade nós temos também de morrer, sempre".