Rio, 17/8/2004 (Agência Brasil - ABr) - A metodologia explica a diferença dos resultados encontrados para o emprego industrial em junho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro. A explicação foi dada pela economista Luciana Marques de Sá, chefe da Assessoria de Pesquisas Econômicas da Firjan.
De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes), divulgada hoje pelo IBGE, o Rio de Janeiro, com -3,7%, e Pernambuco, com -5,8%, foram os únicos estados brasileiros que não apresentaram crescimento na oferta de emprego industrial. Os indicadores industriais da Firjan, no entanto, apontam crescimento no número de vagas na atividade industrial fluminense da ordem de 0,64% em junho, confirmando tendência que já detectara aumento no pessoal ocupado industrial de 1,25% em maio.
A gerente da Pimes, Isabela Nunes Pereira, concorda com Luciana de Sá em que a diferença de metodologias tem peso nos resultados variados das duas entidades. Ela esclareceu, entretanto, que ao contrário da Firjan, cujo levantamento se baseia nas médias e grandes empresas, a pesquisa do IBGE é mais abrangente e estratificada, englobando também as pequenas empresas. Se essas fossem retiradas da pesquisa, os resultados seriam mais próximos dos da Firjan, reconheceu.
De acordo com Luciana de Sá, é difícil comparar as duas pesquisas, mas o importante é ver a tendência do indicador emprego que, no caso do estado do Rio, é de melhora gradual. "Todos os números disponíveis têm indicado isso", argumentou a economista. Ela acredita, inclusive, que há possibilidade de elevação das contratações nos próximos meses, já que o país está no meio de um processo de recuperação e tende a ser mais produtivo em termos de resultado da indústria, com ritmo de produção mais acelerado.
Isabela Nunes Pereira mostrou-se um pouco mais cética quanto ao crescimento do emprego industrial fluminense, uma vez que a indústria extrativa, de maior peso no estado, não é relativamente mais empregadora do que outras. "E a indústria de transformação, que poderia dar conta de explicar um aumento do emprego, já que reúne as indústrias mais intensivas em mão-de-obra, está com produção industrial, isto é, com atividade, baixa no Rio", disse Isabela. Explicou que em termos de produção, o Estado é o único que não mostrou crescimento no acumulado do ano, ocupando a lanterna no ranking.
Segundo a gerente da Pimes, o emprego industrial responde às pressões da produção. "Quanto maior a produção, maior a capacidade de se gerar emprego. E o Rio de Janeiro está com uma capacidade muito menos dinâmica do que outros Estados". No caso da produção, a explicação se concentra muito na indústria extrativa que está tendo desde janeiro muitas paradas programadas para manutenção de plataformas de petróleo. "Isso impactou severamente no resultado da indústria fluminense porque 31% dela são extração de petróleo. No caso do emprego, o rebatimento não é tão direto", afirmou.
Para a economista do IBGE, o estado do Rio ainda está com resultados pouco dinâmicos, mas já apresenta trajetória de recuperação, em termos de produção industrial. Em termos de emprego, a situação é estável porque depende de estímulos em setores mais intensivos em mão-de-obra que, no entanto, não estão mostrando grande dinamismo ainda. "A geração de emprego responde a estímulos da atividade com uma defasagem temporal. Isso quer dizer que se esses setores não estão mostrando atividade desejada, apesar da leve recuperação, o nível de emprego por ora está mais próximo de uma estabilidade do que de uma trajetória de recuperação, como ocorre no emprego nacional".