Trabalhadores debatem economia solidária em Brasília

14/08/2004 - 8h56

Brasília, 14/08/2004 (Agência Brasil - ABr) - Uma nova relação de trabalho não-formal e não-assalariada está em crescimento no país, como reflexo da eliminação de postos de trabalho em várias regiões.
São os chamados empreendimentos de economia solidária, empresas geridas pelos próprios trabalhadores. Mais de duas mil pessoas que participam de iniciativas do tipo hoje estão em Brasília trocando experiências, produtos e tecnologias desenvolvidas no âmbito de suas empresas.

É o 1º Encontro Nacional de Empreendimentos de Economia Solidária, organizado pela entidade representativa do setor, a Associação Nacional de Trabalhadores em Empresas de Autogestão (Anteag). A reunião termina amanhã.

Para Luigi Verardo, da comissão organizadora, os maiores desafios do setor são as limitações financeira e de conhecimento técnico. "Há trabalhadores que não sabem gerenciar o próprio negócio, por puro desconhecimento, e isso é um dos gargalos do segmento", afirmou.

O pesquisador João Roberto Lopes, do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), disse que os governos precisam fomentar iniciativas de autogestão como as empresas de economia solidária. Uma sugestão seria a criação de linha de crédito específica. "É uma iniciativa (as empresas de autogestão) que junta trabalhadores para produzir algo e gerar riqueza, desconcentrando a distribuição dessa riqueza. As empresas de economia solidária estão fomentando novos mercados também. Por isso, é preciso incentivar essas iniciativas", disse.

A maioria das empresas de economia solidária é oriunda de empresas em processo de falência. Os trabalhadores se oferecem para gerenciar o negócio e abrem mão de receber direitos trabalhistas. Em alguns casos, são pessoas desempregadas há muito tempo e que tentaram desenvolver outras atividades não-formais sem sucesso. As atividades desenvolvidas pelo segmento podem ser de fabricação de bolsas, confecção, prestação de serviço, entre outras.