Brasília, 13/8/2004 (Agência Brasil - ABr) - Um convênio entre o Ministério da Educação (MEC) e a Secretaria de Educação do Estado da Bahia permitirá a construção de um centro de educação profissional na cidade de Santo Antônio de Jesus, a 200 km de Salvador. O centro será o primeiro do Brasil a oferecer o curso de técnico em indústria, com habilitação em pirotecnia (fogos de artifício). O MEC investirá R$ 1,7 milhão por meio do Programa de Expansão da Educação Profissional (Proep).
"Optar pela oferta de um curso técnico em pirotecnia na cidade foi exatamente pensar na realidade da comunidade local, considerada hoje um pólo significativo e importante para a produção de fogos", justificou a secretária estadual de Educação, Anaci Bento Paim.
A cidade de Santo Antônio de Jesus fica numa região muito conhecida pela indústria de fogos. O trabalho de fabricação e comercialização de fogos de artifício, foguetes e estalinhos envolve mais de cinco mil pessoas e é uma tradição, muitas vezes, perigosa. Moradores, donos de pequenas fábricas que funcionam em fundos de quintal, arriscam a vida na manipulação da pólvora. Para criar o curso, a escola precisará receber autorização do Exército brasileiro. Em 1998, uma fábrica de quintal explodiu, matando 78 pessoas.
Apesar dos problemas, a cidade já está comemorando a criação do Centro de Educação Profissional de Santo Antônio de Jesus, que vai contar com 300 vagas gratuitas para jovens que queiram aprender a trabalhar com fogos, ou para trabalhadores que já estejam atuando na área. A escola tem a inauguração prevista para o ano que vem.
"Quanto mais você qualifica a população para desenvolver uma atividade técnica, mais cria oportunidades de acesso ao emprego, oportunidades ao empreendedorismo e também a condição de desenvolver um trabalho sério, que possa garantir serviços de melhor qualidade para a população", ressaltou Anaci.
Para o fogueteiro João Ferreira da Silva, de 27 anos, essa será a oportunidade que estava faltando. Ele trabalha com fogos de artifício desde os 10 anos de idade, quando aprendeu com o pai nos fundos de sua própria casa. "Meu pai fazia foguetes há mais de 50 anos e já ensinou aos filhos mais velhos e depois para mim", contou.
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