Crise venezuelana surgiu antes de Chávez, diz autor de livro sobre o país

13/08/2004 - 16h45

Christiane Peres
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Para o jornalista e historiador Gilberto Maringoni, autor do livro "A Venezuela que se Inventa - Poder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez", a crise venezuelana é produto de uma história que tem início antes do próprio governo Hugo Chávez. "A sociedade venezuelana vive uma crise estrutural. É um país petroleiro, que oscila ao sabor do preço do petróleo e que vive uma longa crise por causa disso".

Maringoni participa do referendo revogatório junto com as demais organizações da sociedade civil que estarão presentes no país para apoiar o presidente Hugo Chávez durante esse processo. Ele diz que o resultado deve ser incontestável: "Independente de quem ganhe, a diferença entre os votos tem que ser grande, para dar legitimidade".

Segundo Maringoni, existe grande probabilidade de Chávez ganhar, o que deixaria seu governo "muito mais forte, com mais independência com relação aos Estados Unidos. Perdendo, gera um clima de grande instabilidade no país, o que torna a governabilidade muito difícil". De acordo com o jornalista, em caso de derrota, em 30 dias uma nova eleição é convocada, mas a Constituição não é clara quanto à possibilidade de reeleição de Chávez.

O escritor afirma que, desde o início de seu mandato, o governo Chávez já sofreu três grandes desafios: em abril de 2002, houve o golpe que deixou Chávez três dias afastado; ao final de 2002, uma greve patronal durou dois meses e derrubou o Produto Interno Bruto (PIB) do país em 27%; e agora esse referendo revogatório, que, além de ser inédito na América Latina, está dentro da legalidade.