Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil
Unaí (MG) - Já estão perto do fim as investigações do assassinato dos três fiscais e do motorista do Ministério do Trabalho, ocorrido em janeiro na cidade de Unaí, Minas Gerais. De acordo com o delegado Antônio Celso, da Polícia Federal, os trabalhos serão concluídos em até 30 dias. "Basicamente o que aconteceu nós sabemos. Está faltando fechar uma ponta ou outra", afirmou.
Já estão detidos sete homens envolvidos no crime, entre eles os pistoleiros e o "agenciador", que seria Hugo Pimenta, empresário de Unaí. "O crime já está esclarecido. Nós temos sete pessoas presas. Essas que estão presas efetivamente participaram do crime", afirmou o delegado. Apesar disso, a polícia ainda investiga se há mais gente envolvida. De acordo com Antônio Celso, outras pessoas ainda devem ser ouvidas.
Um dos suspeitos ouvido ontem (6) é um dos maiores produtores de grãos do país – o fazendeiro Norberto Mânica, indiciado por homicídio qualificado e formação de quadrilha. "Existem indícios de que ele poderia ter sido o mandante", disse o delegado. "São indícios que precisam ser juntados com outros, para que possa tranformá-los em uma prova concreta", acrescentou.
A prisão de Mânica não foi descartada, mas para isso a polícia busca mais evidências do envolvimento do fazendeiro com o crime. "Se nós tivéssemos uma prova cabal, irrefutável, ele já estaria preso. A polícia não tem bola de cristal. Agora estamos juntando todos os indícios. Se amanhã ou depois, ou na semana que vem, chegarmos em um indício ou em uma prova mais concreta, fatalmente ele será preso. Por enquanto, nós estamos investigando, ele ainda está na condição de investigado e indiciado", explicou.
Em depoimento às polícias Federal e Civil, Mânica respondeu a todas as perguntas e negou o envolvimento no crime. Agora, as informações serão checadas. "O depoimento foi dentro do que a gente esperava. Ele negou a imputação de que seria o mandante. Nós perguntamos algumas coisas relacionadas à investigação e vamos checar se batem ou não", informou o delegado Antônio Celso. O advogado de Norberto Mânica, Lindomar Coelho, em rápida declaração à imprensa, disse ter ficado "satisfeito" e acreditar que a inocência de seu cliente será comprovada.
Norberto Mânica já teve problemas com o fiscal Nelson José da Silva, um dos quatro servidores assassinados na emboscada realizada em Unaí. De acordo com a polícia, o fazendeiro chegou a ameaçar o fiscal por causa das multas aplicadas. Nos depoimentos aos policias federais, os pistoleiros revelaram que o alvo inicial era apenas o fiscal Nelson José da Silva e que iriam receber R$ 25 mil pelo trabalho. Mas, ao descobrirem que o fiscal estava acompanhado de outros dois colegas e o motorista, um deles entrou em contato com o contratante, Hugo Pimenta, pedindo mais dinheiro. O valor foi dobrado: eram R$ 50 mil para executar todos os servidores.
Por volta das 8h30 do dia 28 de janeiro, os servidores foram vítimas de uma emboscada e assassinados com nove tiros na cabeça. Eles estavam na região para fiscalizar as condições de trabalho nas propriedades rurais. Segundo o delegado Antônio Celso, os pistoleiros aguardavam o momento de cumprir a ordem e às 9h15 avisaram aos mandantes que o "serviço" fora cumprido.