Setor de papelão aprova Modermaq, mas acha baixo o valor liberado

06/08/2004 - 19h46

São Paulo, 6/8/2004 (Agência Brasil - ABr) - Todo o programa que financia bens de capital "sem dúvida é positivo", afirmou Roberto Nicolau Jeha, representante do setor da indústria de papelão e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que ressalvou considerar "tímido" o valor liberado pelo Programa de Modernização do Parque Industrial Nacional (Modermaq).

Como representante do Sindicato da Indústria de Papelão, Jeha acredita que "a taxa fixada em 14,95 % ao ano é um pouco cara, o ideal seria algo em torno de 12 %. Antes isso do que nada. De uma maneira geral o programa é bem recebido e está na direção certa", completou. Em sua avaliação, a implementação do programa foi lenta, mas "antes tarde do que nunca".

Jeha defende, além do Modermaq, outras medidas como a desoneração do investimento de bens de capital, a redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), hoje 9,75 %, para pelo menos 6 %, a queda na taxa de juros básicos, a Selic (16 % ao ano), além de destinar parte do superávit primário para infra-estrutura, modernização dos portos, saneamento básico e recuperação das estradas. "Precisamos crescer não só em 2004, mas nos próximos dez anos, com o crescimento em torno de 5 % do PIB, mínimo necessário para gerar cerca de dois milhões de empregos prioridade número um do país", declarou.

O setor de papelão acumula crescimento de 10,8 % no primeiro semestre deste ano, com vendas de 1,01 milhão de toneladas, segundo dados da Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO). "O crescimento de 10,8 % nas vendas é sem dúvida positivo. Porém é preciso lembrar que esse crescimento é sobre uma base muito baixa, com o mesmo período de 2003", declarou, Paulo Sérgio Peres, presidente da ABPO.

Com base nesses dados, Jeha defende uma política de crescimento sustentável no longo prazo, "para não dar um passo para frente e dois para trás". Jeha ressalta que o setor vem trabalhando com 95 % da capacidade instalada, o que preocupa para o futuro. "Se o mercado interno começar a melhorar, como não tem produção adicional, provavelmente vai ter de diminuir as exportações, o que não é bom". Ele explica que poderá haver pressões inflacionárias já que, para atender o mercado interno, "você vai querer vender pelo mesmo preço do que era exportado", disse.