Brasília, 6/8/2004 (Agência Brasil - ABr) - Um município que, em sete anos, saiu do desastre anunciado para exemplo de comunidade do terceiro milênio. Esta é a realidade de Piraí, município fluminense de 22 mil habitantes, a 70 quilômetros da cidade do Rio de Janeiro. Em 1997, com a privatização da Companhia de Energia Elétrica Light, mais de 1.300 trabalhadores de Piraí foram demitidos. Em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), a prefeitura desenvolveu um estudo sobre as potencialidades da região e novas alternativas de emprego, além de promover a requalificação profissional dos trabalhadores.
O resultado deste trabalho que começou no mesmo ano das demissões promovidas pela Light foi apresentado hoje, em Brasília, no seminário internacional sobre "A Sociedade da Informação e do Conhecimento", promovido pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea).
Em sete anos, com parcerias pública e privada, a Prefeitura de Piraí "conectou" ao mundo da internet toda a população. As 18 escolas e a Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (Apae) tem computadores conectados a internet em sistema de banda larga.
Dos 500 professores da rede pública municipal, 300 já foram capacitados para lidar com o mundo digitalizado que Piraí passou a integrar. Com o instrumento da internet, os 22 mil habitantes de Piraí contam, hoje, com quatro cursos universitários de ensino a distância. Todo processo de informatização foi feito com "software livre" o que, segundo o prefeito Luiz Fernando Pezão, barateou os custos.
O processo de informatização do município rendeu prêmios ao município. Em 2001, Piraí ganhou o Prêmio de Gestão e Cidadania do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e, neste ano, o prêmio Latino Americano de Cidades Digitais. O pequeno município fluminense é considerado o mais avançado de toda a América Latina no que diz respeito à inclusão digital.
"Não consegui, em sete anos, nenhum dinheiro do governo federal. Só depois que a Newsweek mostrou Piraí numa de suas edições é que passaram a nos procurar", fez questão de ressaltar Pezão em sua palestra. O prefeito lembrou que a digitalização é apenas um instrumento para o desenvolvimento econômico e social dos municípios. Ressaltou que 80% dos municípios brasileiros têm menos de 50 mil habitantes e, se não estiverem incluídos no mundo digital, não terão oportunidades de crescimento e de educação de qualidade.
O presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais, Marcos Túlio de Melo, lembrou que os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que 12% da população brasileira tem computadores em casa e, destes, apenas 8% estão conectados a internet. Apesar desta realidade, o Brasil ainda ocupa a segunda posição entre os países mais informatizados da América Latina perdendo, apenas, para o Uruguai. "A exclusão sócio-econômica conduz a exclusão digital", afirmou o engenheiro.
