SBPC tem histórico de resistência ao regime militar

17/07/2004 - 14h36

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - Este ano, a Sociedade Brasileira de para o Progresso da Ciência (SBPC) realiza a sua 56ª reunião anual, de 18 a 23 de julho, na Universidade Federal do Mato Grosso, onde oito mil pessoas são esperadas.

Dois desses cinqüenta anos de história ficaram marcados na trajetória da sociedade científica. Em 1973, o congresso foi realizado nos 02 a 08 de julho, na Universidade de São Paulo (USP) sob forte esquema policial. Os militares cercaram o local, e os carros e ônibus que transportavam os estudantes e participantes eram proibidos de entrar.

A saída encontrada pelos participantes foi entrar a pé, um a um, sozinhos, para que não fossem formadas aglomerações que chamassem atenção. Como entrar estava difícil, a maioria dos alunos dormiu na Universidade, durante os dias de encontro, para evitar que não conseguissem participar nos dias seguintes.

O restaurante da universidade acabou se tornando o protagonista da história. Era em suas paredes que os comunicados eram colados e que os participantes ficavam sabendo das atividades do encontro e para onde deveriam ir. O restaurante acabou se tornando uma grande assembléia e o maior "ponto de informações".

Já em 1977, a Reunião Anual foi, explicitamente, proibida pelo regime militar. "As discussões da SBPC em favor da democracia e das questões sociais, como o programa nuclear, eram incômodas para o regime militar. Então se chegou a um momento de grande tensão", conta o presidente da SBPC, Ennio Candotti. Sem o apoio do governo e, conseqüentemente, dinheiro para sua realização, a saída foi arrecadar. A SBPC conseguiu juntar o suficiente e os cientistas peitaram e fizeram o encontro nos dias, 06 a 13 de julho, também na USP.