Mulheres vêem semelhanças de seus desafios em todo o mundo

17/07/2004 - 10h37

Brasília, 17/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - A participação estrangeira na 1ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres revela as semelhanças dos desafios a serem enfrentados por governo e sociedade em todo o mundo. Promovida pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, a conferência conta com a participação de convidadas de países como México, Equador, Cuba, Portugal e Angola.

Igualdade de oportunidades de emprego, paternidade compartilhada e violência são algumas das questões que as mulheres têm superado, de formas diversas, em todo o mundo. Em entrevistas exclusivas à Agência Brasil, representantes de Cuba, Portugal e Angola falaram sobre as experiências de seus países na promoção da igualdade de gênero.

Cuba

A deputada da Assembléia Nacional de Cuba, Nerida Quintero Martinez, presente à conferência,disse que a revolução cubana, em 1959, foi fundamental para a mudança na qualidade de vida das mulheres cubanas. "A partir da revolução, foi que nós, mulheres, começamos a ser protagonistas de nossos próprios destinos", disse.

Em Cuba, segundo Nerida, as mulheres ocupavam apenas 12% da força de trabalho. Quase 30% da população feminina era analfabeta. Hoje, praticamente todas as mulheres são alfabetizadas. "Cerca de 66% das vagas universitárias são ocupadas hoje por mulheres", afirmou a parlamentar cubana.

A inclusão no mercado de trabalho também cresceu, nos últimos anos, inclusive na esfera política. Cerca de 36% das cadeiras na Assembléia Nacional de Cuba são ocupadas por mulheres, informou Nerida, acrescentando que "as mudanças na consciência social, as mudanças culturais em homens e mulheres são paulatinas. Temos uma sociedade basicamente machista. Nos últimos 45 anos, homens e mulheres têm passado por transformações sociais que fazem com que cada vez mais a igualdade de oportunidades e a consciência de gênero se materializem", analisou.

Portugal

A presidente da Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres de Portugal, Maria Amélia Paiva, disse que um dos graves problemas em seu país, é a discriminação vinculada à violência, como o tráfico para fins de exploração sexual ou a violência doméstica.

Em Portugal, Maria Amélia contou que o enfrentamento da violência doméstica contra as mulheres foi reforçado por meio de mudanças na legislação. Segundo ela, essa prática hoje é considerada um crime público, ou seja, qualquer pessoa que testemunhe esse tipo de violência deve denunciar o agressor. "Uma vez feita a queixa, ela não pode mais ser retirada", explicou Maria Amélia. "O acesso ao poder político e ao poder econômico e financeiro são áreas em que, de alguma forma, temos semelhanças com o Brasil e com tantos outros países", acrescentou.

Angola

A ministra da Família e Promoção da Mulher de Angola, Cândida Celeste da Silva, contou que os 30 anos de guerra geraram dificuldades tanto para homens quanto para mulheres. Com a paz conquistada há apenas dois anos, Cândida disse que foi preciso superar muitas dificuldades antes de se começar a falar em igualdade de gênero.Llembrou que, durante o período da guerra civil, as mulheres também tiveram oportunidade de ocupar espaços dominados pelos homens.

"Encontramos grande participação da mulher porque, durante a guerra, os homens foram impedidos de aumentar o nível de escolaridade, por se encontrarem nas frentes de combate", explicou a ministra angolana, destacando que mesmo assim, quando a guerra acabou, o governo identificou que 80% das mulheres eram analfabetas.

A ministra Celeste da Silva destacou que a primeira preocupação foi o combate ao analfabetismo. "Hoje, já conseguimos atingir quase uma igualdade de mulheres nas universidades", disse.

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