Caio d'Arcanchy
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Em coletiva de imprensa, o ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Waldir Pires, afirma ser "evidente" a participação do Banco Central no suposto esquema de remessa ilegal de dinheiro público para o exterior. Indagado sobre a possibilidade do Banco ter co-responsabilidade no caso, Waldir Pires responde sem dar mais detalhes: "é evidente". A CGU investiga, desde o ano passado, o envolvimento de servidores públicos federais no desvio de verbas.

O caso de corrupção por parte dos servidores foi assunto de manchete da revista IstoÉ desta semana. A reportagem aponta suposto envolvimento de 411 servidores públicos em um esquema de remessas ilegais de mais de R$ 350 milhões por meio das contas CC5 (tipo de conta que permite, legalmente, enviar dinheiro para o exterior).

Waldir Pires afirma que o número de envolvidos pode ser ainda maior quando considerada a participação de outras pessoas além dos servidores federais. "O que diz repeito à Controladoria é essencialmente a corrupção", diz. "É um crime que decorre do servidor público que desvia dinheiro público", enfatiza. "Mas, no geral, tem todo o problema da evasão de divisas. O número (de envolvidos) é bem maior", diz o ministro.

A Controladoria foi autorizada judicialmente a ter acesso ao sigilo bancário de todos os remetentes que têm ou tinham vínculo com o serviço público federal na época das remessas. As investigações transcorrem sob sigilo e nenhum nome será divulgado.

O ministro indica que mudanças são necessárias para recuperar o controle do governo na fiscalização, mas ressalta que não é a pessoa mais indicada para sugerir isso. "Há seguramente dentro do Ministério da Fazenda e da Receita Federal pessoas capazes de indicar as mudanças que deverão ser feitas", diz. Ele acrescenta que iniciativas de modificação deverão ser tomadas em equipe pelo governo. "Esse é o objetivo do governo do presidente Lula, que está fazendo um trabalho extraordinário na luta contra a corrupção".