Governo tailandês matou 2.500 dependentes químicos em campanha de combate às drogas, diz ativista

11/07/2004 - 18h22

Eliane Gonçalves
Enviada especial à Tailândia

Bangkok (Tailândia) - O ativista tailandês portador do vírus HIV, Paisan Suwannawong, acusou hoje o governo do seu país de violação dos direitos humanos e de ser responsável pelo assassinato de 2.500 dependentes químicos nos primeiros três meses de campanha de combate às drogas. Suwannawong participou do primeiro dia de trabalho da 15º Conferência Internacional de Aids que acontece na capital da Tailândia.

Suwannawong disse que o governo do seu país já prendeu mais de 50 mil pessoas portadoras do vírus HIV. Segundo ele, milhares de tailandeses foram forçados a entrar em centros de reabilitação militar. Ele lembrou que 1/3 das infecções por HIV no país foi contraído por uso de drogas injetáveis. Suwannawong cobrou do governo da Tailândia uma política de redução de danos para os usuários de drogas.

No Brasil, essa política já existe e prevê a troca de seringas usadas por novas. A utilização de drogas injetáveis é responsável por cerca de 20% dos casos de Aids entre os brasileiros. O programa de redução de danos alcança cerca de 8% dos 800 mil usuários de drogas no Brasil, estimados pelo Ministério da Saúde.