Brasília, 7/7/2004 (Agência Brasil - ABr) - A resolução da Argentina de limitar as importações de eletrodomésticos brasileiros acalma internamente a relação dos empresários daquele país com o seu governo e, pelo lado brasileiro, não causa problemas porque, como não entrou em vigor, abre espaço para as negociações.
Esse é o entendimento do secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Márcio Fortes, que também é o coordenador brasileiro do Grupo de Monitoramento do Mercosul. Segundo ele, recentemente ocorreu o mesmo problema com os produtos têxteis, quando os exportadores brasileiros também passaram a ser obrigados a pedir autorização para vender para o produto à Argentina.
"Foi uma situação similar. Baixou-se uma resolução parecida e que não entrou em vigor imediatamente. À medida que foram feitas negociações, excluíram-se os itens dos anexos que foram objetos do acordo e progressivamente tudo foi acordado", disse. No caso dos eletrodomésticos, Fortes destacou que grupos privados dos dois países já vêm se reunindo e os governos trabalham para que haja um entendimento e se resolvam os problemas.
O secretário descartou o uso do termo contencioso para a disputa com a Argentina. "A palavra contencioso é muito forte. Não existe isso. Nós temos uma relação muito direta e estreita com os argentinos. O tema da linha branca já é objeto de negociação entre as partes privadas brasileiras. A parte dos fogões está praticamente acertada", disse.
Fortes admitiu, no entanto, que é bom para os dois países estabelecer um nível de exportações que interesse o lado brasileiro, mas que não sufoque o lado argentino. "Temos que entender o seguinte: a Argentina teve o problema da crise e os empresários locais querem ter a oportunidade de algum investimento e de retomar a sua produção", concluiu.