Rádio-novelas marcaram época na Nacional

01/07/2004 - 16h08

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

Brasília - As rádio-novelas inauguraram tendências e fizeram escola. Três meses depois da inauguração da Rádio Nacional, em 1936, são incluídos trechos de rádio-teatro entre os números musicais. Em 1937 é inaugurado o "Teatro em Casa" para a transmissão de peças completas semanalmente. Mas é em 1941 que vai ao ar a primeira rádio-novela - "Em busca da Felicidade", que dura três anos.

"Em busca da felicidade" é uma história cubana escrita por Leandro Blanco e adaptada para o rádio por Gilberto Martins. A rádio-novela teria sido patrocinada pela "Standart Propaganda", que escolhe o horário matinal para o seu lançamento. Para conquistar os ouvintes, já que o horário normalmente é de baixa audiência, teria resolvido oferecer brindes a quem enviasse um rótulo do creme dental Colgate. Já no primeiro mês de programação, 48 mil ouvintes teriam enviado os rótulos. A história é contada ainda hoje e marca o uso de estratégias de marketing no país.

A segunda rádio-novela a ir ao ar pela Nacional é "O Direito de Nascer", posteriormente adaptada à televisão. Com texto do escritor cubano Félix Caignet, o romance muda horários e compromissos dos brasileiros, que não queriam perder nenhum capítulo, e se torna um dos maiores sucessos radiofônicos de todos os tempos.

A televisão aprende com o rádio a fazer novelas. A versão da TV Tupi de "O Direito de Nascer", que vai ao ar em 1965, teria alcançado 73% de índice de audiência no Rio de Janeiro.

Outro destaque da programação da Rádio Nacional são os seriados "Jerônimo, o herói do sertão" e "O Sombra", inesquecíveis pelos truques de sonoplastia. Pela Rádio Nacional passam atores como Walter D`Ávila, Mário Lago, Oduvaldo Viana, Paulo Gracindo e Henriqueta Brieba. O escritor, compositor e ator Mário Lago é um dos maiores responsáveis pelas adaptações feitas na Nacional.