Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Para Yoshiaki Nakano, professor e diretor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas e secretário da Fazenda do Estado de São Paulo de 1995 a 2001, nos dois mandatos de Mário Covas, a fórmula da estabilização econômica adotada pelo Real só foi possível devido a condições proporcionadas por governos anteriores. "É importante lembrar que o Plano Real não foi algo mágico, uma sacada de economistas brilhantes", afirmou ontem, durante o seminário "Desafios da Estabilidade da Moeda: Dez Anos de Plano Real", organizado pelo jornal Valor Econômico, na capital paulista.
A lista de pré-requisitos favoráveis é longa, segundo ele. Inclui a abertura da economia entre 1987 e 90; o controle do déficit e da divida publica por meio do ajuste fiscal de 1990; a coesão da política antiinflacionária, concretizada com acordo da CUT (Central Única dos Trabalhadores) com a indústria automobilística, em abril de 1991, que suspende a recomposição das perdas passadas (mecanismo que levava à inflação devido ao repasse para os preços); o influxo de capital externo em 1992; e, por fim, o equilíbrio dos preços relativos, com a implantação da URV (Unidade Real de Valor) em 1994 (período em que Fernando Henrique Cardoso era ministro da Fazenda).
Além de chamar a atenção para o quadro favorável à estabilização da moeda, Nakano enfatiza que o Plano Real foi um plano de estabilização e não constitui a política econômica de todo o período. "Se for para fixar uma data, considero que em 1997 se encerrou o plano de estabilização. A política econômica posterior é outra coisa".