Palocci: consistência da política monetária dá condições de reduzir margem de tolerância da inflação

30/06/2004 - 20h48

Brasília, 30/06/2004 (Agência Brasil -ABr) - O Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação de 4,5% para 2006, com margem de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos. De acordo com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, a decisão de reduzir a margem de tolerância, que até 2005 será de 2,5 pontos percentuais, tem como fundamento a consistência da política monetária e fiscal.

"Na medida em que se consolida o ajuste sincero, uma política fiscal e monetária mais experiente do ponto de vista das metas de inflação no Brasil, achamos que esse intervalo pode ir sendo reduzido ao longo do tempo", explicou Palocci, ao ressaltar que o intervalo de tolerância existe para enfrentar eventuais choques externos e não para ser utilizado permanentemente.

Segundo o ministro, o Brasil já está preparado para enfrentar possíveis choques sem a necessidade de utilização de uma margem muito grande, e a tendência é reduzir a margem de maneira cautelosa.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ressaltou também que as metas de inflação estabelecidas para 2005 e 2006, ambas em 4,5%, correspondem a uma fase de transição para uma meta de longo prazo, a ser estabelecida em 4%. "Na medida em que a essa meta se aproxima da meta de longo prazo, é necessário que essa convergência se dê de forma suave", disse.

Palocci disse que a proposta apresentada por alguns economistas, como o líder do Governo no Senado, Aloízio Mercadante, de flexibilizar a meta de inflação do próximo ano, estabelecendo o centro entre 5% e 5,5% não esteve na pauta da reunião. Segundo o ministro a meta de 2005 estabelecida em junho do ano passado não será alterada.

O argumento dos analistas é de que, com essa flexibilização, seria possível reduzir mais rapidamente a taxa de juros, e assim promover o desenvolvimento. Palocci argumenta que, ao contrário disso, inflação baixa é que dá base para um crescimento sustentado. "Inflação baixa é a base da base do alicerce. Admitirmos metas maiores ou acima daquilo que nos parece consensual em termos de meta de inflação não seria contribuição ao crescimento, pelo contrário, poderia prejudicar o processo de crescimento econômico se nós não dermos ao processo de crescimento a segurança de inflação baixa", comentou.