André Deak
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – "A sociedade, às vezes, pensa que temos poder. Nós, da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), apenas sugerimos. Os países é que devem colocar dinheiro e implementar as sugestões. Quando as organizações não-governamentais criticam a Unctad, lembrem-se quem é o verdadeiro inimigo", pediu o secretário-geral da 11ª Unctad Rubens Ricupero, ao encerrar a coletiva de imprensa que fechou o encontro.
Ricupero fez afirmações semelhantes quando foi alvo de uma torta dias antes da Unctad ter início. Na ocasião, o grupo Confeiteiros Sem Fronteiras emitiu nota saudando Ricupero como "economista heterodoxo dedicado à defesa dos países em 'desenvolvimento'" e assumiu o ato como "homenagem" ao embaixador e "celebração" do "sucesso brasileiro" na manutenção da desigualdade social.
Também presentes na coletiva, os ministros da Cultura, Gilberto Gil, e de Relações Exteriores, Celso Amorim, falaram sobre as impressões gerais sobre o encontro.
Histórico
Amorim saudou o ex-ministro Ricupero e afirmou que "havia a perspectiva, antes da entrada de Ricupero como secretário-geral, de que a Unctad não sobrevivesse". Segundo ele, era uma organização esvaziada, que ganhou novo fôlego com a chegada do brasileiro. O ministro de Relações Exteriores também voltou a comentar a importância histórica do avanço das negociações agrárias com os cinco maiores exportadores do mundo, Brasil, Estados Unidos, Índia, Austrália e União Européia. Representantes dos grupos estiveram em São Paulo discutindo como melhorar as exportações e diminuir os subsídios.
Gilberto Gil, que falou pouco, lembrou do apoio que o Ministério da Cultura vem oferecendo à idéias que flexibilizam o direito autoral – assim como a iniciativa do governo de apoiar o software livre. Gil afirmou que ele mesmo faz parte de uma iniciativa, chamada Creative Commons, para que as pessoas possam utilizar seu trabalho sem ter que pagar direitos autorais.
Com um público de mais de 11 mil pessoas, delegações de 160 países, entre chefes de Estado e ministros, encerrou-se em São Paulo o maior evento das Nações Unidas ocorrido no Brasil desde a ECO-92.