Especialistas discutem como aproveitar melhor o tempo nas cidades

18/06/2004 - 20h01

Fabiana Uchinaka
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Experiências e propostas para reorganizar e distribuir as atividades das cidades em função do tempo foram discutidas hoje, em painel da 3a URBIS – Feira e Congresso Internacional de Cidades, no Expocenter Norte. Os participantes concluíram pela necessidade de uma política urbana que una as cidades-dormitório e os centro de trabalho, estimulando as áreas que permanecem mortas durante parte do dia para que sejam vivas por 24 horas.

Segundo o vereador e arquiteto Nabil Bonduk, relator do Plano Diretor da cidade na Câmara Municipal, a trajetória do zoneamento de cidades como São Paulo provoca o aparecimento de áreas de atividades segregadas, que funcionam apenas à noite ou durante o dia. "Esse padrão faz com que regiões funcionem apenas 12 horas e traz problemas de toda natureza", explica. "O deslocamento intenso de trabalhadores em direção aos centros comerciais, por exemplo, provoca congestionamentos e sobrecarrega os sistemas de transportes", acrescenta.

Bonduk acredita que mesclar as atividades é fundamental para rearticular e organizar os tempos da cidade. Um cálculo apresentado por Bonduk ilustra a importância do tema para a qualidade de vida: uma pessoa que gasta quatro horas por dia no deslocamento entre casa e trabalho, em 40 anos terá gasto 12 anos de sua vida no trânsito.

Muitas são as medidas possíveis. No planejamento urbano, criar bolsões que mesclem áreas residenciais e de trabalho e serviços, alterar o funcionamento de serviços específicos, como bancos, e criar áreas para serviços específicos. Um exemplo utilizado em capitais com clima quente é a definição de feiras livres em áreas fixas, que funcionam também à noite. Elas permitem agregar áreas para refeições, transformando a tarefa de "fazer a feira" num programa menos árduo que pode ser combinado com os amigos, incluir jantar e carona coletiva. Para o poder público, ela centraliza os trabalhos e reduz os custos com infra-estrutura, limpeza e segurança.