Brasília, 28/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - Para forçar a redução do elevado número de acidentes nas rodovias e avenidas brasileiras, a filosofia do Programa de Redução de Acidentes SOS Estradas é adotar "a tolerância zero" com a impunidade. O coordenador do programa, Rodolfo Alberto Rizzotto, explica: "nós devemos aplicar a lei ao pé da letra, evitando, assim, a impunidade". Ele diz que 90% dos acidentes nas rodovias não têm nada a ver com as condições das estradas, mas sim com o abuso dos motoristas, com a velocidade.
"Como os acidentes têm relação direta com a velocidade seria interessante realizar um estudo para a instalação de limitadores de velocidade nos caminhões, como é feito na Europa", sugere Rizzotto.
O estatístico e especialista na área de saúde pública e de trânsito, Davi Duarte, assinala várias causas que colaboram para o crescente número de mortes no trânsito. "Estradas mal sinalizadas e perigosas, espaços urbanos ruins, frota de carros velhos, falta de educação do motorista e fiscalização precária", resume. Ele estima entre 35 e 40 mil o número de óbitos/ano no trânsito no Brasil.
Questionado sobre como o Código Nacional de Trânsito, lançado em 1998, poderia contribuir para reduzir esses números, Duarte lembra que, nos dois primeiros anos após a edição do Código, foi registrado um decréscimo de 15% no número de acidentes nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No entanto, "depois desse período e, em virtude da impunidade, voltou-se aos mesmos patamares anteriores", esclarece o técnico.
Duarte atribui ao álcool, à velocidade, à má formação do condutor, à imprudência e ao aumento expressivo da frota de motocicletas nas cidades as causas para o crescimento do número de acidentes fatais no trânsito. "Falta, agora, o Estado cumprir o seu papel com a construção de boas estradas, fiscalização e punição dos responsáveis pelos acidentes", diz.
Na opinião de Ailton Brasiliense, diretor do Denatran, as mortes no trânsito podem ser consideradas um problema de saúde pública. "Cem pessoas morrem e mil ficam feridas por dia em acidentes nas ruas do país", informa ele. De acordo com Brasiliense, em 2002, foram gastos R$ 10 bilhões com estes acidentes. "Para reduzir a impunidade e aumentar a conscientização da população serão feitas campanhas ao longo deste ano e a será implantado o programa de multa interestadual, a ser concluída até agosto".
O Denatran também lançou este mês, o Programa de Capacitação das Instituições de Trânsito para capacitar os técnicos das instituições de trânsito em todo o país a trabalharem com maior severidade e preparo no seu dia-a-dia para inibir e coibir as infrações. O programa já foi ministrado nos estados de Pernambuco, Alagoas Goiás e Sergipe.