Seminário em São Paulo reúne movimentos sociais para exigir controle de capitais

28/05/2004 - 14h33

Rodrigo Savazoni
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – O movimento de origem francesa Attac (Ação para Taxação das Transações Financeiras em Apoio aos Cidadãos) quer organizar uma campanha nacional sobre Controle de Fluxo de Capitais. Em parceria com o instituto alemão Rosa Luxemburgo e o Grupo de Pesquisa em Moeda e Crédito, da PUC-SP, promove entre hoje e amanhã, em São Paulo, um seminário sobre o tema. O objetivo é aproximar do debate diferentes forças sociais para debater o assunto, considerado árido e movediço até por economistas.

O evento acontece na sede da PUC (Pontifícia Universidade Católica) e reúne economistas críticos à condução da política econômica do governo Lula, como Luiz Gonzaga Belluzzo, Carlos Eduardo Carvalho, Ricardo Carneiro, Fernando Cardim e Marcos Antonio Cintra. O público esperado é de intelectuais e estudantes, mas os mais aguardados são os representantes de movimentos sociais e sindicais.

Entre eles, estão o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), UNE (União Nacional dos Estudantes) e CUT (Central Única dos Trabalhadores), além da Unafisco (União Nacional dos Auditores Fiscais do Tesouro Nacional), Campanha contra a Alca, Cáritas, Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), Abong (Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais), Instituto Paulo Freire, Rebrip (Rede Brasileira pela Integração dos Povos) e Fase (Fundação de Atendimento Sócio-Educativo), que já confirmaram presença.

"Queremos verificar a possibilidade de, reunindo movimentos sociais, intelectuais, economistas e parlamentares, lançarmos uma campanha ampla contra a ditadura das finanças", explica Antônio Martins, integrante do Attac e um dos idealizadores do seminário. "Adotar o controle de capitais é um primeiro passo nesse sentido". Para Martins, mesmo se tratando de um tema complexo, é possível popularizar a discussão.

"A sociedade precisa entender que, para ser livre, ela precisa controlar o fluxo de capitais. Enquanto os capitais forem totalmente livres, ela estará subjugada", aponta Martins. Tanto o seminário como a campanha, como fazem questão de ressaltar seus organizadores, não são contra a existência do mercado, mas sim contra a relação desigual entre poder popular e grande capital.

Confira a programação dos dois dias de seminário

28 de maio, sexta-feira
PUC-SP (Rua Monte Alegre, 984 – Perdizes) – Prédio Novo – Sala 239

:: 13h30 às 15h
Articulação com outras campanhas: ALCA, dívida pública, emprego para todos

:: 15h às 15h15
Café

:: 15h15 às 17h
Estratégias para abrir a discussão sobre as relações entre o Brasil e os mercados financeiros

28 de maio, sexta-feira – 19h às 21h30
Debate
Sindicato dos Engenheiros – Rua Genebra, 25 – 2º andar

Controle de capitais: primeiro passo para a mudança da política econômica e um novo projeto nacional

:: Luiz Gonzaga Belluzzo, deputado Sérgio Miranda, Luís Basseggio, César Benjamin, procuradora Valquíria Quixadá

29 de maio, sábado – 9h às 17h
Painéis teóricos
PUC-SP (Rua Monte Alegre, 984 – Perdizes) – Prédio Novo – Sala 333

:: 9 h
O controle do fluxo de capitais: exemplos internacionais
Apresentação central: João Sicsu e Fernando Cardim
Comentadores: Julio Sevares (Attac-Argentina), Lydia Krüger (WEED e Attac-Alemanha) e Joaquim Becker (Universidade de Viena).

:: 12h
Almoço

::13h
Fluxo internacional de capitais no Brasil a partir do anos 90: um diagnóstico
Apresentação central: Marcos Antônio Cintra
Comentadores: Carlos Eduardo Carvalho, Francisco de Oliveira, Maria Lúcia Fatorelli (Unafisco) e Procuradora Raquel Branquinho.

:: 15h
Fluxo internacional de capitais, políticas sociais e alternativas
Apresentação central: João Machado
Comentador: Carlos Schmidt