Ricúpero diz que Brasil está em uma encruzilhada de incertezas

28/05/2004 - 15h58

Brasília, 28/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - O secretário-geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento, Rubens Ricúpero, acredita que "o Brasil está numa encruzilhada cheia de incertezas". A declaração foi feita aos estudantes de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), durante a palestra "Para onde vai o mundo de hoje? Uma perspectiva brasileira diante dos problemas políticos e econômicos mundiais".

O Brasil, segundo Ricúpero, é um "país-monstro" - designação que une duas características: a sua dimensão territorial e a sua gigantesca população. "A interação dessas duas características é que cria a sua complexidade", afirma. Ricúpero lembrou que, dos cinco "países-monstros" – Estados Unidos, China, Índia, Rússia e Brasil – o Brasil é o que está pior economicamente. "A chave do problema brasileiro ainda está no desenvolvimento econômico-social. O Brasil há duas décadas que não cresce", informa. Para Ricúpero, a atual política econômica brasileira dificilmente permitirá um crescimento econômico a curto prazo.

A armadilha financeira que amarra a economia brasileira é a dependência excessiva dos mercados internacionais, na opinião de Ricúpero. Ele propõe a redução da dependência financeira, como fazem os 41 países da Ásia e Oceania. São economias em desenvolvimento, graças às reservas acumuladas. "A promessa é de que eles devam crescer 6% ao longo da próxima década", estima o embaixador. Ele ressaltou que países como Índia e China nunca passaram por disciplinas ditadas por organismos financeiros internacionais, como o FMI – Fundo Monetário Internacional.

Ricúpero reconhece que alianças com países mais sólidos economicamente, como China, Índia e África do Sul, podem trazer mais visibilidade dos organismos mundiais para os problemas brasileiros dentro de uma agenda internacional que atualmente é marcada pela resolução de conflitos.