Brasília, 6/5/2004 (Agência Brasil - ABr) - Em audiência pública na subcomissão de Segurança Pública do Senado, o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Francisco Carlos Garisto, reconheceu que a operação padrão, feita por grevistas nos aeroportos, foi um equívoco. A operação previa, por exemplo, revista minuciosa na bagagem de todos os passageiros, o que resultava em longas filas no setor de embarque. "Demos um tiro no pé. Se depender de mim, esse ato não vai se repetir", disse Garisto. "Toda greve causa transtorno. Mas, no nosso caso, o transtorno é para a classe média alta, que tem como chiar. Talvez se fosse na rodoviária, ninguém chiaria", acrescentou.
Na audiência, o presidente da Fenapef pediu a ajuda dos parlamentares para a retomada das negociações com o governo federal. Para demonstrar a disposição de dialogar, os policiais decidiram hoje suspender a greve pelos próximos três dias úteis. A iniciativa recebeu apoio do presidente da subcomissão de Segurança Pública, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). "Toda greve tem sua fase de esgotamento", afirmou Jereissati. "É hora de voltar ao trabalho. Essa comissão se compromete a servir de intermediário para que o acordo aconteça".
No encerramento da reunião, o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) também cumprimentou os policiais pela suspensão temporária da greve. E aproveitou para fazer críticas à atuação do Ministério Público. Para Magalhães, além de aumento no vencimento básico, os agentes, escrivães e papiloscopistas precisam de melhores condições de trabalho e investigação. "Caso contrário, cada vez mais o Ministério Público se achará no direito de cumprir funções que a Polícia Federal faz melhor e com mais imparcialidade", disse o senador baiano.
Os policias em greve alegam que deveriam estar recebendo vencimentos de nível superior, mas ganham salários de nível médio. Os grevistas dizem que o governo está descumprindo a Lei 9.266, de 1996. Desde o início da greve, há cerca de dois meses, a principal reivindicação dos grevistas é pela equiparação com os salários de delegados, ou seja, um aumento de R$ 4.200 para R$ 7.800.