Brasília - Foi ao ar na noite desta quarta-feira a segunda edição do Diálogo Brasil, produzido pela TV Nacional em parceria com a TVE Rede Brasil, do Rio, e a TV Cultura, de São Paulo. O programa debateu ontem a situação do jovem brasileiro. Dos cerca de 34 milhões de jovens, metade está fora da escola e sem perspectiva de emprego. O desemprego e a violência que atingem essa parcela da população foi o principal tema do debate.
O programa teve a presença do ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Nilmário Miranda e do deputado federal Moroni Torgan (PFL-CE). Do Rio de Janeiro, participou o presidente do Centro de Articulação das Populações Marginalizadas, Ivanir dos Santos; e de São Paulo, a secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social, Maria Helena Guimarães de Castro.
A cada ano, 32 mil jovens morrem vítimas de homicídio e de acidentes de trânsito. A violência tem atingido, principalmente, os rapazes. Segundo o ministro Nilmário Miranda, a expectativa de vida dos homens tem ficado cada vez mais distante da das mulheres. No Rio de Janeiro, por exemplo, a diferença é de 12 anos entre a expectativa de vida dos dois sexos. Em média, a diferença é de quatro anos.
A entrada do Exército, a partir da semana que vem, no combate à violência e ao tráfico de drogas na capital carioca dividiu os debatedores. Nilmário Miranda disse que a participação da força militar não deve atuar na repressão ao tráfico, nas favelas. Para o deputado Moroni Torgan, essa é uma precaução importante para evitar uma possível "contaminação", referindo-se à possibilidade dos integrantes do Exército serem corrompidos pelos traficantes.
Moroni Torgan acredita que o uso das Forças Armadas na vigilância das fronteiras do país, por onde entram as drogas e as armas ilegais, seria uma medida mais eficiente. Ele defendeu ainda a regulamentação da Lei do Abate, que permitirá às Forças Armadas abaterem aeronaves ilegais.
O presidente do Centro de Articulação das Populações Marginalizadas chamou a ação de repressão nos morros de "política de enxugar gelo". Para Ivanir dos Santos, é preciso investir em programas sociais.
A secretária Maria Helena acrescentou que é necessário desenvolver ações para garantir o acesso dos jovens ao lazer, à cultura e ao esporte. Segundo ela, uma pesquisa feita, em São Paulo, entre os moradores de regiões carentes revelou que essa é a principal demanda apontada por eles. De acordo com Nilmário Miranda, 65% dos jovens não participam de nenhuma atividade extra-escolar.
O sistema de cotas para negros também foi assunto do programa. O deputado Moroni Torgan disse ser contrário a uma política que leve em consideração apenas o aspecto racial. Torgan acredita que esse não é o problema que impede o acesso da população ao ensino superior público. A situação sócio-econômica, para ele, é a principal barreira. Os outros participantes defenderam que as cotas devem levar em consideração tanto o dado étnico como o sócio-econômico como forma de reparar a dívida social que o país tem com a população negra.
Outro ponto abordado foi o sistema de correção de jovens infratores. De acordo com o ministro dos Direitos Humanos, 12 mil jovens estão cumprindo medidas sócio-educativas, em todo o país. Mas, o sistema responsável pela recuperação e ressocialização desses jovens é precário: metade deles, afirmou o ministro, está funcionando em desacordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O Diálogo Brasil é a primeira produção conjunta da Radiobrás, TVE Rede Brasil e Rede Cultura a ser transmitida, ao vivo, para 757 emissoras em canais abertos e fechados de todo o País.