Presidente da Contag diz que movimento não tem radicalidade

20/04/2004 - 21h09

Gabriela Guerreiro
Repórter da Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu hoje a representantes de trabalhadores rurais o fim das invasões de terras em todo o país. Segundo relato do presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Manoel dos Santos, Lula defende o fim das invasões e o início de um amplo processo de discussões para acelerar o processo de reforma agrária. "O presidente solicita que se faça um processo de discussão negociada. Nós também queremos fazer. Agora, a negociação tem que se dar nas ações do dia a dia", ressaltou Manoel dos Santos.

O presidente da Contag admitiu que Lula deve defender o fim das invasões para garantir o processo pacífico de reforma agrária. Manoel dos Santos afirmou, porém, que o governo precisa avançar em ações que efetivem o assentamento de famílias no campo. "É papel do governo pedir paciência, pedir compreensão, mas nós entendemos que a nossa compreensão existe, não temos nenhuma radicalidade, estamos aqui para negociar", garantiu.

Segundo Manoel dos Santos, os movimentos sociais não vieram ao Palácio do Planalto "puxar a orelha" do governo, ou mesmo para "terem a orelha puxada" pelo presidente Lula. Ao contrário. Na avaliação do presidente da Contag, o diálogo aberto deve ser mantido para garantir ações efetivas no campo. "Não estamos aqui para tratar apenas das ocupações. Ocupação de terra, enquanto não houver reforma agrária nesse país, ela acontecerá", enfatizou.

Ele garantiu que o presidente não mencionou as ocupações que vêm sendo promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), apontadas como as mais violentas no campo. "Nós não estamos aqui para nos posicionar de que vai continuar havendo radicalmente ocupação, mas temos dito que a única forma de diminuir as ocupações é o governo se antecipar com ações que concretamente possa responder às demandas que estão colocadas", ressaltou.

Além da direção da Contag, participaram da reunião com o presidente Lula no Palácio do Planalto representantes de 28 confederações de trabalhadores rurais de todo o país. Eles vieram entregar ao presidente a pauta do "Grito da Terra 2004" - um documento com várias reivindicações dos trabalhadores para ações no campo. "Solicitamos dele um completo empenho de todos os ministérios no sentido de, naquela semana que vem aqui a população rural do Brasil, recebermos resposta concreta com relação à pauta que foi hoje entregue", ressaltou Manoel.

O presidente se comprometeu a encaminhar as reivindicações dos trabalhadores rurais aos diversos ministérios envolvidos no processo de reforma agrária. Segundo o presidente da Contag, Lula sinalizou que o governo vai "responder positivamente" aos pedidos feitos pela Confederação. O "Grito da Terra" é realizado anualmente pela Contag no mês de maio para apresentar as reivindicações dos trabalhadores rurais. Em Brasília, um grupo de trabalhadores promete acampar na Esplanada dos Ministérios para garantir ações do governo para a reforma agrária, assentamentos e assistência aos trabalhadores no campo.