Diretor do Ministério da Saúde atribui crise em hospitais universitários a má administração

20/04/2004 - 18h38

Paula Menna Barreto e Marina Domingos
Repórteres da Agência Brasil

Brasília, 20/4/2004 (Agência Brasil - ABr) - A crise nos hospitais universitários não se restringe a Brasília. Os hospitais das universidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e
Porto Alegre, também enfrentam sérios problemas. O da universidade federal de São Paulo, por exemplo, tem dívidas que ultrapassam a casa dos R$ 100 milhões, segundo o Diretor do Departamento de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Arthur Chioro. Ainda de acordo com ele, o hospital universitário de Uberlândia deve aproximadamente R$ 12 milhões.

Mas Chioro diz que os hospitais não vivem apenas uma crise financeira. O maior problema é administrativo. "São processos inadequados, alguns ineficientes, uma incompetência generalizada", afirma. O diretor conclui que há anos os hospitais usam o repasse de verba do Sistema Único de Saúde (SUS) para bancar a folha de pagamento, por exemplo.

Segundo a Associação Brasileira de Hospitais Universitários e de Ensino, a dívida total desses hospitais é de R$ 320 milhões, mas argumenta que eles são verdadeiros laboratórios de aprendizado. Principalmente para os alunos de universidades públicas nos cursos de medicina, enfermagem, fisioterapia, farmácia, odontologia, psicologia e serviço social. Esta dívida vem sendo acumulada há oito anos, segundo Arthur Chioro.

O Ministério da Saúde se preocupa com a situação do Hospital Universitário de Brasília (HUB), mas Chioro diz que "a medida de paralisação parcial ou integral não resolve os problemas. O diretor do ministério lembra que o padrão de qualidade dos hospitais universitários é excelente e a população perde muito com a falta do atendimento.

Chioro conta que os hospitais universitários são referência em suas regiões. O hospital universitário de Brasília, para citar um, é referência na atenção a povos indígenas. Mensalmente o Ministério da Saúde repassa ao HUB R$ 1,3 milhão o teto contratual estipulado. O
médico diz ainda que nem a Saúde nem a Educação deixaram de repassar os recursos aos hospitais.

As regras para a transferência de dinheiro para os hospitais universitários deve mudar ainda em 2004 . Arthur Chioro diz que toda a forma de gestão desses hospitais deve ser modificada. "Uma ação conjunta entre o ministério da educação, da saúde, governos estaduais, entre outros,
está sendo feita para melhorar as condições dos hospitais".

Os hospitais universitários reclamam ainda do baixo valor da tabela do SUS no repasse para os procedimentos. Mas Chioro rebate apontando que ano passado já houve uma aumento de 37% e que no mês que vem deve haver novo reajuste.