Pedro Malavolta
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - Os índices de contaminação e óbitos por tuberculose no Brasil ainda são inaceitáveis, mesmo considerando a queda registrada nos últimos 20 anos. Por isso, uma das prioridades do Ministério da Saúde em 2004 e 2005 será combater a doença, disse hoje o secretário de Vigilância da Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, ao participar da oficina de mobilização dos gestores de saúde para a avaliação do Programa Nacional de Controle de Tuberculose. Ele informou que, até 2007, serão aplicados pelo ministério R$ 119,5 milhões no combate à tuberculose.
Em 2002, foram detectados 77.634 casos de tuberculose e seis mil pessoas morreram em decorrência da doença. A maior concentração de pessoas contaminadas foi no Sudeste, com pouco mais de 35 mil casos. Só no estado de São Paulo foram identificados 15,592 casos, sendo que, para cada 100 mil pessoas há quarenta portadores de tuberculose. No entanto, a maior incidência é no estado do Rio de Janeiro: 88,9 contaminados para cada cem mil habitantes.
A incidência da doença "está relacionada com problemas sociais graves. São moradores de rua, usuários de drogas, migrantes", declarou Jarbas Barbosa. Para resolver o problema, a proposta do ministério é facilitar o cadastro dos portadores de tuberculose nos programas sociais do governo como por exemplo o Bolsa Família.
As metas do ministério são: manter a detecção da doença em 70%, baixar o número de óbitos para menos de 5% e também aumentar a taxa de cura dos atuais 72% para 85%. "Quando as pessoas não terminam o tratamento e não se curam, elas voltam para a comunidade e continuam a transmitir tuberculose", disse Barbosa.
O tratamento de tuberculose dura em média seis meses e é comum pessoas interromperem o tratamento quando os sintomas desaparecerem. Após algum tempo, a doença volta e mais forte. Muitas vezes a bactéria que causa a tuberculose passa a ser resistente aos medicamentos iniciais, sendo necessário um tratamento mais pesado.
A principal estratégia do governo é a de descentralização do programa. Segundo o secretário, o Brasil possuiu infra-estrutura para o combate a tuberculose. A idéia é convencer os gestores para que em todas as unidades de saúde se faça os testes e o acompanhamento da doença.
O governo federal pretende também criar uma força tarefa para combater a tuberculose, garantindo pelo menos um funcionário para cada estado para gerir o programa. Este gestor terá o salário e despesas pagas pelo ministério, mas será subordinado à secretaria estadual.