Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil

Brasília - A desnutrição crônica atinge 842 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo a principal causa de cem mil mortes que ocorrem a cada dia. Os dados são do Fundo das Nações Unidas Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação. Do total de mortos, 30 mil são crianças com menos de cinco anos de idade. Os números foram usados pelo assessor especial da Presidência da República Frei Betto para alertar sobre a gravidade do problema da fome no mundo.

Segundo Frei Betto, a desnutrição já mata mais que a Aids, as guerras e o terrorismo juntos. "São dez torres gêmeas por dia cheias de crianças e ninguém chora, ninguém protesta, ninguém lamenta, talvez porque a Aids, a guerra e o terrorismo não façam distinção de classe e a fome faz", avaliou o assessor, durante celebração ecumênica realizada no Palácio do Planalto em comemoração à Semana Santa, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de Dona Marisa Letícia.

Para o assessor especial da Presidência, acabar com a fome no Brasil é um dos grandes desafios do governo. "Eu costumo dizer que o Fome Zero nada mais é que a versão política da multiplicação dos pães e dos peixes realizada por Jesus", acrescentou.

Frei Betto lembrou que a quinta-feira santa foi marcada por dois gestos de Jesus: a última ceia com os doze apóstolos e o ato de ele lavar os pés dos discípulos. O assessor disse que este gesto representa a servidão e destacou que "poder é serviço e não mando, tirania e arrogância". Citou ainda o discurso de posse do presidente Lula, que finalizou declarando que agora seria o servidor público número um.

Além de Frei Betto, participaram da celebração o pastor Cláudio Vilela, o Frei Vicente Bohne e os corais da Paróquia Nossa Senhora de Nazaré e da Igreja Adventista da Família. Bem-humorado, ao final da cerimônia o presidente Lula posou para fotos e cumprimentou funcionários do Planalto e integrantes dos corais.