Brasília, 6/4/2004 (Agência Brasil - ABr) - Era 31 de março de 1964. Tropas militares começavam a se movimentar nas ruas contra o governo do então presidente João Goulart. Jango discursava a favor das reformas tributária e agropecuária, o que fazia a direita brasileira temer o comunismo. A esquerda não se movimentou contra as tropas militares, esperando pela ação do presidente, que não aconteceu. Em 1º de abril de 1964, consolida-se o golpe militar. Era o começo de uma ditadura que duraria 20 anos, um período de luta armada, guerrilhas, prisões, torturas e mortes.
Hoje, 40 anos depois do golpe e 20 após a restauração da democracia, o Brasil mostra, no primeiro documentário em longa metragem, um pouco desse capítulo da história nacional. São 115 minutos de depoimentos, testemunhos e imagens de arquivo.
"Tempo de Resistência", dirigido por André Ristum, abre o Festival de Documentários É Tudo Verdade, no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, às 18h30. A mostra anual já é conhecida em São Paulo e no Rio de Janeiro e, neste ano, ganhou sua primeira edição na capital federal. Até domingo (11), seis documentários brasileiros e quatro estrangeiros serão exibidos.
"Tempo de Resistência" é baseado no livro de Leopoldo Paulino e conta vários episódios vividos por ele durante o período militar. Para o escritor, o que mais gratifica é poder tornar pública esta parte da história nacional "para que a juventude tome conhecimento do que ocorreu. A pena e a condenação dos torturadores e assassinos é divulgar o que eles fizeram. Eu tenho orgulho de contar essa história, eles têm vergonha", diz.