Jorge Wamburg
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Secretaria Nacional de Defesa Civil, do Ministério da Integração Nacional, informa que todas as medidas preventivas foram tomadas em relação ao ciclone Catarina, que atingiu, no último fim de semana, a costa do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. O secretário nacional de Defesa Civil, coronel Jorge Pimentel, diz que não foi determinada evacuação em massa da população porque isso poderia causar riscos ainda maiores aos moradores da região. Ele explicou que a saída dos moradores provocaria tumulto, mas que, mesmo assim, foram retirados os que vivem nos locais onde o fenômeno seria mais intenso.
O esclarecimento do secretário foi em resposta às declarações do governador gaúcho. Germano Rigotto disse que não havia retirado a população por orientação do ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, que recebera informações da meteorologia na tarde de sábado. De acordo com as previsões, o Catarina não seria tão forte como fora previsto inicialmente.
Segundo o secretário, desde quarta-feira passada, quando os meteorologistas verificaram a formação do ciclone, devido ao desprendimento de uma frente fria, as defesas civis de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul foram alertadas. Na quinta-feira, a Defesa Civil colocou em alerta todos os municípios da costa sul do estado e o norte do Rio Grande do Sul. Foram iniciadas, então, as medidas preventivas da Marinha e da Aeronáutica em relação às embarcações e aos aviões. Também foram divulgados boletins, nos meios de comunicação, de meia em meia hora, explicando detalhes do fenômeno à população.
A meteorologista da Secretaria Nacional de Defesa Civil, Cristina Lourenço, conta que o Catarina tomou o formato de furacão na sexta-feira (26), mas perdeu intensidade e começou a se deslocar em direção à costa, ao contrário do que costuma ocorrer com ciclones extratropicais que se deslocam do continente para o oceano. Desde então, foi feita a monitoração, com fotos de satélite, para verificar que região seria mais atingida, inclusive na sexta-feira e no sábado, quando o fenômeno já estava mais próximo da costa. O objetivo era orientar a Defesa Civil para a adoção das medidas preventivas na região mais atingida: o sul de Santa Catarina e o nordeste do Rio Grande do Sul.
"Nós informamos ao ministro que não seria um furacão, mas um ciclone extratropical, com ventos de até 150 (cento e cinqüenta) quilômetros por hora e que, com as medidas preventivas que vinham sendo tomadas, não seria necessária a evacuação de toda a população da costa. Mas essas medidas continuaram sendo tomadas: boletins da marinha, para que as embarcações não permanecessem na área do ciclone, da aeronáutica, para impedir a circulação de aviões, e da Defesa Civil, de meia em meia hora, para orientar a população sobre como proceder", disse Jorge Pimentel.
De acordo com o coronel, a ordem de evacuação foi dada apenas para a população litorânea de áreas de risco, cujas casas eram frágeis. Ele ainda aguarda informações dos serviços de Defesa Civil sobre quantas famílias foram retiradas. Jorge Pimentel considera que as conseqüências não foram mais trágicas devido à ação das autoridades.
A meteorologista Cristina Lourenço disse que a orientação dada à população era, principalmente, de não sair às ruas, manter as casas bem fechadas e proteger as janelas com lençóis ou cobertores para evitar que estilhaços de vidraças ferissem alguém. O secretário nacional de Defesa Civil lembra que todas as informações sobre o ciclone Catarina eram repassadas, de meia em meia hora, ao ministro Ciro Gomes, que estava em São Paulo.
Conforme o último balanço divulgado pelo Ministério da Integração Nacional, o ciclone causou duas mortes - uma em Santa Catarina e uma no Rio Grande do Sul (por mal súbito). Em Santa Catarina, uma pessoa sofreu ferimentos graves, 74 tiveram ferimentos leves e 11 estão desaparecidas. Além disso, quinhentas casas foram destruídas e 20 mil danificadas; também foram destruídos trinta estabelecimentos comerciais e danificados 286. No Rio Grande do Sul, onde o fenômeno atingiu o litoral norte, entre as cidades de Capão da Canoa e Torres, há 150 desabrigados.